sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Entrelaçamento Relacional


Para entender o assunto que pretendo discorrer, tenho que primeiro passar a noção do entrelaçamento quântico para assim, trazer tal conceito para a realidade de nossos inter-relacionamentos, pois, antes de renomados cientistas descobrirem esta propriedade do mundo microscópico das partículas, ela já vigorava no mundo biológico com destaque para nossa espécie humana.

Pois bem, para quem não conhece o entrelaçamento de átomos da recente física quântica, vou dar uma pitaca. E para quem já conhece, vamos nos alinhar.


O entrelaçamento de átomos, nada mais é, em termos simples, que dois átomos ligados entre si por alguma força desconhecida e misteriosa que vence a barreira da distância que os separa. Desta forma, não tendo a menor importância a distância entre eles, quando um gira para esquerda, o outro gira para direita e vice-versa, como se estivessem conectados por meio de polias dentadas tal como em uma engrenagem. Assim, quando se altera alguma propriedade de um, o outro a milhões de quilômetros de anos luz de distância também altera essa mesma propriedade em tempo real.

Pois bem, agora que nos graduamos em entrelaçamento quântico, vamos deslocar o conceito para os nossos relacionamentos. Você conseguiria fazer uma conexão do explanado entrelaçamento quântico e o seguinte caso de um general romano acontecido por volta de 102 a.C., porém, as avessas?
- Caio Mario, um destacado general romano certa vez foi desafiado por um chefe do exército teutônico para um duelo, em resposta ele enviou o recado que, se o chefe estivesse cansado de sua vida, ele poderia se enforcar, contudo, Mario teve a altivez de oferecer-lhe um gladiador veterano para uma ou duas rodadas de duelo para afagar seu aborrecimento com a vida ('A Sabedoria da Vida' de Arthur Schopenhauer). Note que este general demonstrou segurança em si mesmo e não se deixou induzir por atitudes frívolas. 

Não raro, buscamos conselhos e pareceres sobre alguma circunstância ou indivíduo através de uma outra pessoa, quando não, esse 'tino' vem sem o pedirmos. Menos raro ainda é que aceitamos a primeira opinião espontaneamente, mais ainda se vier de pessoas já apresentadas. Desta forma, fazemos da vida real aquela brincadeira de criança, conhecida por 'Siga o Mestre'. Quando o mestre, que é a pessoa a quem naquele momento entregamos o nosso controle, vira para esquerda, nós automaticamente repetimos o gesto tal como ocorre no entrelaçamento quântico.

Assim, formarmos uma opinião favorável ou desfavorável sobre algo, baseados implicitamente no juízo de outra pessoa, é esta a coisa mais imbecil que podemos fazer por nós mesmos. Vale destacar que aquilo que vejo, aquilo que sinto e aquilo que julgo, é a MINHA verdade... melhor colocando esta palavra, é a minha percepção embasada em minhas crenças, em meu caráter, em minhas ações e especialmente em minhas intenções mais recônditas da alma.

Com relação a opinião alheia, portanto, devemos passá-la por um filtro para não a engolirmos tal como uma boa dose de um doce licor, o licor da despreocupante ingenuidade. Devemos aplicar o mesmo princípio que costumamos fazer diante de um parecer médico em assunto importante, ou seja, buscamos o parecer de tantos outros profissionais quanto for necessário. O desconhecido deve ficar evidenciado por meio de nossa percepção investigativa até que faça sentido à nós e não superficialmente ou embasada na percepção alheia que não sabemos como e com que intenções foi construída.

De fato, devemos ter todo cuidado com os pensamentos e os sentimentos dos outros, pois, neste caso estamos observando pela sua ótica e esta pode estar deformando a realidade e assim, ser o pontapé inicial de grandes transtornos ou bloqueio de oportunidades. Portanto, fica compreendido que a melhor maneira de avaliar um comentário ou julgamento, seria nossa própria percepção pessoal acerca do fato. Neste caso, devemos ter em mente dois fatores fundamentais para assim proceder, a saber, a nossa reputação e a do outro, pois, o bom conceito que cada um desfruta na avaliação dos demais é um bem que não deve ser arriscado descuidadamente para não reduzir nosso prestígio e cairmos no descrédito.

Quando não temos ideia das circunstâncias ou da pessoa referenciada é evidente não possuirmos ainda certos valores e informações devidamente concluídas, assim, se uma outra pessoa conclui o valor para nós, o valor será segundo seu agrado e neste caso, essa moeda não é cambiável pelo fato de valer apenas em seu reino. É muito cômodo à nós não precisarmos raciocinar já que nos foi entregue a lógica pronta como um passarinho alimenta o filhote da qual, trabalho algum teve, porém, mais uma vez, o valor é dela e não nosso. Esse tipo de valor, só pode possuir valor a quem tenta nos transmiti-lo e portanto, não deve possuir o menor sentido para nós, isto é, até que comprovemos que aquele valor possa ter valor também para nós. Mas atente que uma vez comprado a ideia alheia, aquele valor jamais terá o mesmo peso para nós que tem para o outro. 

Quando nos deixamos influenciar por comentários externos, bloqueamos nossa capacidade de construirmos nossa própria opinião sobre aquele fato. Somos nós quem devemos ver, somos nós quem devemos sentir com a alma, somos nós quem devemos julgar. Jamais devemos permitir que nos joguem uma canga em nossas costas e nos conduzam por crenças que não são as nossas, isto com o tempo, será um fardo pesado demais para suportarmos e pior será se estiverem no intento de nos manipular.

Assim, sempre escute com os ouvidos da sabedoria, ou seja, 'o que te colocarem por um ouvido, permita que saia pelo outro' para que não compre um conceito pronto que não veio de sua verdadeira percepção. Libere o espaço em teu coração para acomodar o verdadeiro valor que jamais pesará carregá-lo. 

Há um ditado filosófico que diz que jamais mudamos uma única coisa, isto se dá porque esta coisa se liga a outra que por sua vez se liga a outra e assim vai se formando uma reação em cadeia que em alguns casos, não tem mais como retornar ao seu princípio devido ao alto custo e as muitas variáveis envolvidas. Portanto, seja único no universo, seja autêntico, opte sempre pelo novo e assim, impedirá o alinhamento e o entrelaçamento com as 'partículas estranhas'.

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