sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Os Insubstituíveis

Vez por outra, escuto a máxima de que ninguém é insubstituível, melhor colocando a frase, todos somos substituíveis dentro de uma corporação. Mas será mesmo que tais gurus da gestão estão corretos? 

Pois bem, apesar dos dias de hoje em que tudo deve ser tratado dentro do contexto da economia financeira, há determinadas circunstâncias em que uma economia inicial, termina em frustrações e perdas. Especialmente em seu maior patrimônio que a empresa possui, a saber, seus bons colaboradores. 


Quando se trata de pessoas, o assunto não é na base do 'sim ou não', 'preto ou branco' ou no 'tudo ou nada', tal como dão a entender em suas visões desktop, quero dizer, em suas teorias de escritório que apenas alcançam o âmbito das alucinações expressas em autoridade, e que a médio prazo significa um tiro no próprio pé, ou pior, um tiro no pé do patrão.

Talvez seja por causa de perspectivas desktop que muitas empresas passem por momentos difíceis, estas são como aqueles ingênuos que compram de bandoleiros um belo cavalo negro que se descora na primeira chuva, ou talvez seria como aquele fumante que sabe que está no caminho errado, mas insiste em seu prazer temporário. 


Assim, não faremos a questão orbitar em torno de perder os ruins, sendo neste caso, um assunto resolvido à todos e sem maiores delongas. O problema está em perder o bom profissional ou o profissional tarimbado, até porque, estes são aqueles que possuem disposição ao trabalho, sabem exatamente o que estão fazendo pela bagagem profissional que possuem e por consequência, realizam bem seus deveres, desta forma, permitem segurança e tranquilidade quando uma tarefa lhes é conferida. Estes, representam a sua empresa com excelência. Há assim, um abismo que separa um profissional a quem se deve ficar cobrando as atividades ou ensinando o dever, daquele que basta dizer a necessidade e aguardar o resultado. Enquanto o primeiro ainda está pensando no pão o segundo já está te colocando a mesa para servir. 

O dono do negócio disponibiliza a estrutura e entrega os recursos necessários às atividades da empresa, mas quem produz são os funcionários. Assim, um único profissional negligente, pode naturalmente destruir a boa imagem da empresa a qual trabalha sem que o patrão se dê conta dos motivos de sua empresa estar se arrastando, quer dizer, estar perdendo bons profissionais em debandada, clientes ou crises que se estende em demasia. Podemos comparar isso à uma linha de produção, onde um único equipamento desajustado ao longo do percurso, compromete a qualidade do produto final.

Situação pior é quando maus profissionais estão em cargo de liderança, pois é fato que todo líder tem que ser gestor, porém, nem todo gestor é um verdadeiro líder e são justamente estes o estopim da perda dos bons profissionais, clientes e crises. Quando alguém boceja preguiçosamente dentro de uma sala, consegue abater o ânimo de todos ali presentes, assim, o que poderíamos dizer sobre a inteira equipe ou a empresa exposta continuamente à pessoas negligentes? Não há auto-gestão que freie a impaciência de quem deseja acelerar e não pode. Estas pessoas podem até possuir algumas competências, porém, ocupam posições que estão acima de seus méritos, e por consequência, desenvolvem uma visão deformada sobre si mesmas, e tal distinção de cargo e auto-visão, lhes permitem semear idéias pseudo-profissionais e por vezes tomar decisões tolas que facilitam em pano de fundo, comportamentos de descaso dos colaboradores, a imbecilização de uns para com os outros ao longo do tempo e o surgimento de aduladores, que a propósito, apenas esta categoria acaba permanecendo como 'bons colaboradores'. Que azar da empresa...! 

Podemos aplicar à estes pseudos-gestores a máxima de Pontes Miranda: 'Pior que a ignorância, são os males da meia ciência'. Isto significa que são profissionais de apenas um só livro ou ainda, profissionais teóricos de escritório, que no caso, creem que em toda e qualquer situação podem executar seus conhecimentos puramente especulativos como se fossem uma receitinha de bolo que leram em algum defasado livro bonitinho qualquer ou que aprenderam sabe lá onde e quando. De qualquer forma, uma coisa é comum a todos estes, tentam impressionar a todos com teorias, palavras bonitas e frases bombásticas intencionalmente decoradas. Pois bem, houve um tempo em que eu acreditei em palavras... 

Contudo, são poucos os que compreendem que para haver um grande estrago, não há necessidade de um indivíduo estar cheio de más intenções, mas sim, basta ele ter a prepotência de se ocupar irresponsavelmente com coisas que estão acima de sua capacidade. Assim, o dano sofrido nas corporações vem mais deste mal bem intencionado de que da exalação de más intenções. A este problema de visão distorcida de ego, podemos chamar de 'paralaxe profissional', onde o individuo se vê como profissional, porém, pelo motivo exposto nunca consegue sê-lo.   

Opostamente, um único profissional de talento pode ser a coluna de sua empresa, de seu departamento ou de sua equipe. Este, suporta as forças opostas do desmazelo dos demais e assim, alavanca a todos por amor ao que faz e não apenas pelo salário que recebe. Portanto, há sim, profissionais talentosos e insubstituíveis dentro de suas categorias que são para suas empresas o que foram para a humanidade Albert Einstein, Beethoven, Beatles, Thomas Edison e infindáveis outros da qual jamais se levantou ao menos um único para substituir a estes com a mesma excelência de ação; desta forma, fica manifesto que para substituí-los, necessário seria ao menos dois outros profissionais e com demanda de tempo e recursos da qual as empresas modernas não dispõe, portanto, são insubstituíveis. 

Quem duvidar do que digo aqui, se levante e vá até a GE Company e exale suas teorias de que Jack Welch era plenamente substituível, mas, por via das dúvidas, não desligue o motor do carro. Depois dê uma passadinha na Apple e diga o mesmo sobre Steve Jobs com semelhante confiança que faz nas conversas ou palestras e depois, de lambuja retumbe sobre Bill Gates pelas ruas. Aposto que perguntariam a esta pessoa de que planeta ela veio.

Mas alguém poderia dizer que estou citando apenas pessoas de alto calibre, porém, encontramos talentos em todos os níveis hierárquicos. Posso citar incontáveis casos bem conhecidos aqui: Policiais ou seguranças que devolvem absurdo de dinheiro ao seu dono, Bombeiros heróis, indigentes que impedem assaltos a lojas, e tantos outros casos que os noticiários vez por outra divulgam. Não seriam estes insubstituíveis, ou será que há uma fila enorme esperando por tais oportunidades? Na verdade, estes gurus continuam repetindo o mesmo discurso que fez sucesso a longínquas décadas passadas e muitos súditos continuam pagando caro para escutar as mesmas velhas anedotas de pseudo-autoridades.   

Um profissional de talento é ímpar, pois, dificilmente a empresa encontrará outro para fazer sua vez justamente por não possuir par. Será com perda de muito tempo com experimentos para provavelmente encontrar outro e acrescente a isto, a disponibilização de recursos diversos, esforços e principalmente sedução financeira para que sem garantias apareça este tal substituto. Até que isso aconteça, muitas águas rolaram que não moveram o moinho se é que será movido novamente com o mesmo ímpeto. 


A perda de um bom profissional por um pequeno reconhecimento periódico pode sair tão caro para empresa quanto a recusa de se alugar um imóvel e ficar com ele fechado por mais vários meses por causa de um mísero desconto no aluguel. Mais ainda, há aquele profissional que é primo, pois, igual a ele nunca mais haverá outro ali, pelo motivo de que se houver, estará voando tão alto que não quererá descer, já que nesta categoria, só há uma direção a andar, a saber, para cima.


A expressão comumente utilizada de reter talentos só está visível e é praticada por estes mesmos profissionais que são talentosos, senão excelentes, pois é fato que apenas eles conseguem enxergar no outro aquilo que eles próprios possuem, mas quão difícil é tê-los nos lugares estratégicos; para isso, o dono do negócio tem que estar entre este seleto rol, caso contrário o teto dos profissionais será um espelho de si mesmo. Neste contexto, os bons profissionais, pela cegueira ou vagarosidade de visão de seus superiores, geralmente são rotulados de não possuírem espírito de equipe, já que possuem a capacidade de se anteciparem aos problemas e os aplicar sem que aqueles compreendam no momento.

São os insubstituíveis que fizeram o mundo tal como o conhecemos, sejam suas ações para o bem quanto para o mal, pois, se deixado fosse nas mãos dos comuns, estaríamos todos ainda caçando no porrete e é assim que muitas corporações ainda trabalham, pois onde todos são forçados a pensar igual, na verdade, ninguém está mais pensando.


Quando uma empresa represa o potencial de um bom profissional por não reconhecer um insubstituível, é porque ela não tem excelência em sua visão para reter talentos e então, enquanto ela está sossegadamente em voo de cruzeiro se achando um Boeing, seu profissional, mais cedo ou mais tarde buscará em outros céus, tetos mais altos para voar lá pela estratosfera, em velocidades maiores tal como um jato ou quem sabe um foguete em manobras que demonstram verdadeiro talento.  

O CEO é o limite... Sem trocadilhos por favor!

2 comentários:

  1. muito proveitoso esse texto... mais infelizmente apenas os verdadeiros talentosos entenderam as reais significados do que foi dito...

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  2. Apenas enxergamos aquilo que conhecemos. Apenas damos aquilo que temos. Apenas falamos daquilo que o coração está cheio

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