sábado, 25 de março de 2017

Sob Forças Opostas

Na vida, o encontro interdito entre duas almas em mutuo anelo, não ocorre apenas por descobrirem que são semelhantes em suas virtudes, mas digo que antes disso, vem a curiosidade pela velada manifestação da descoberta da similaridade entre seus defeitos.

Nossas deformidades morais são marcas indeléveis e latentes de nossas almas, contudo, estão acuadas no mais recôndito esconderijo desta. De modo que, quando a sincronia ilícita acontece entre ambas, é porque estes defeitos nunca realmente foram domados, mas estavam sob ameaça aguardando serem afrouxados através da curiosidade, tanto de suas semelhanças quanto ao gosto pelos mesmos erros. Acrescente o tempero do medo que começa a questionar suas próprias realidades e descobrir que a resiliência da mentira é mais aprazível de que a inflexibilidade da verdade; é a descoberta do indesejado qualificador humano que habita em nós, a saber, o profano que quer voz e quer vez.

Apesar de ambos estarem polarizados, o estão meramente na dimensão do espaço da materialidade, porque na dimensão do espírito já se uniram. Qual lei poderia portanto, impor a separação? Creio que nem a de Deus o pode... eis aqui pois, lhe apresento este dito profano! Vamos cumprimente-o, não seja tão mal educado assim, por favor! Se não o conheceu ainda, te será apresentado nesta ou naquela ocasião. Pois está aí o que separa nós míseros mortais comuns, dos santos.

As relações humanas singelas, mesmo e sobretudo de amizades, se opõe as leis da matéria que se desgastam, que envelhecem, que se alimentam de aparências, e assim, não são a verdadeira realidade a qual pertencem as almas, pois o que importa são as eternas essências que estão além do manifesto e do variável.

Em minhas andanças por aí, percebi que o encontro entre os rios Solimões e Negro, é doloroso para ambos, pois, um resiste ao outro por sofríveis quilômetros ao longo do caminho, mas chega o momento em que ambos se curvam ante a força poderosa que os permeia e assim permitiu que poderia ser, e então se unem em si naquele outro maior que é o tudo sobre todos e o derradeiro...