segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Exegetas

Trazendo à luz um fato que me deparo toda vez que entro em contato com protestantes, é que creem possuírem exímios dotes de entendedores das escrituras, da qual, se auto-proclamam exegetas, talvez porque leram algumas teorias teológicas de seus próprios meios na internet, e acabam juntando a isso, o mito de que Católicos são analfabetos bíblicos. Essa mentirinha que corre em seus bastidores, não passa de um tiro no próprio pé, antes de ser algo para se vangloriarem, de tal modo que, quando se deparam com um Católico que sabe manusear bem seus instrumentos de batalha, acabam se virando para seus próprios caminhos e seguem enganando a si mesmo e a outros (Judas 1,18-19).

Eu acho espantoso como esses exegetas protestantes não percebam que suas exegeses são uma falácia, já que isso é tão evidente quanto a luz do sol, pois, apesar de possuírem todos a mesma Bíblia, cada qual a interpreta diferentemente dos demais como bem entendem, adaptando as suas exegeses particulares aos seus conceitos e interesses humanos mais recônditos, e assim, cada um se vira para seu próprio caminho que conduz à sua igreja cozida à la carte.

Um quadro na parede apoiado em um único prego, é fácil qualquer pessoa mover ele para o lado que queira, mas se colocarmos um segundo prego em qualquer outra posição, esse quadro fica firme. Assim também há uma tentativa deste tipo nas miríades de igrejas divergentes, ou seja, usam a Bíblia como autoridade primária e criam um espantalho do Jesus bíblico de modo a terem uma segunda autoridade que lhes valide sua igreja. Entretanto, nestas exegeses complacentes consigo mesmas ou tendenciosas, a única coisa em comum entre todos, é o fato de possuírem a mesma Bíblia, já, quanto ao resto do conteúdo colocado à mesa de suas denominações, é do mais variado possível para todos os gostos da freguesia e muitas vezes inusitados, como o caso do pastor que era semi-analfabeto e interpretou errado a Bíblia e adulterou com a vizinha, quando não, destruidores da fé em Deus como vem acontecendo em massa na Europa protestante ou mortais como temos presenciado nos anais da história com os EUA na vanguarda.

Tais pessoas, leem protestantismo, assistem protestantismo, convivem com protestantes, dormem protestantes, acordam protestantes, comem protestantismo, respiram protestantismo, e enfim, vivem o protestantismo em todas as dimensões humanas, porém, limitados. De modo que já dizia São Irineu de Lyon: "Tenho medo do homem de um só livro". Disso, derivamos que o homem nunca percebe suficientemente seu estado arruinado, até ser acordado diante de algo mais elevado. 

Por caminharem em terrenos instáveis, que mudam conforme os ventos dos próprios caprichos, demonstram a mais pura e destilada humanidade efêmera. Assim, é exposto seus enganos e a quem realmente servem:   
- "Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira." (Jo 8,44).

Submetendo esse pesado juízo à prova, tomemos o modelo do diabo como pai da exegese. Tentando se aproveitar da condição humana e limitada de Jesus para fazê-lo tropeçar, conforme nos informa os relatos de Mateus 4,1-10 e de Lucas 4,1-12, notamos ali que enquanto o diabo dizia: "Está escrito", destacando a letra da Lei e sua rigorosa palavra ou mesmo pinçando textos de seu contexto, já Jesus, usava a Tradição milenar dos profetas para combater a exegese do diabo por destacar o real sentido da Lei dentro do seu contexto e princípios (Mt 9,13). Neste ponto, toda e qualquer semelhança, não é mera coincidência.

A propósito, outra coincidência é o fato dos Fariseus igualmente, que eram tão amarrados na letra da Lei, que usavam os Tefilins na testa - aquela caixinha com textos da Torá - sem se preocuparem e se comprometerem com seu real sentido requerido por Deus, e Jesus os condenou por isso. Perderam a salvação por tropeçarem na própria Lei que pregavam. O que podemos dizer então, de um pseudo cristianismo dentro de cada igreja divergente fundada por homens pecadores, da qual andam com a Bíblia na mão como se fosse um Tefilim, exigindo que todos nós andemos segundo suas exegeses (interpretações) levianas de pura tradição humana, já que cada um deles as interpreta muito diferente dos demais? De que valia pode ser isso, se não for apenas para nós estarmos ou não em conformidade com o que pensam e não com a Divina Verdade Imutável?

Nada na Bíblia, autoriza pessoas comuns e fora da Igreja de Cristo a brincarem de exegetas, foi por esse motivo, que no passado se produziram centenas de documentos apócrifos e seitas fraudulentas da qual, a Igreja teve que peneirar os Canônicos por mais de duzentos anos e muitas vezes, debaixo de debates acirrados para evitar a apostasia separatista que já prevalecia desde as primeiras Igrejas (1Jo 4,1; 2Pe 2,1; Mt 7,15; Mt 24,11; Mc 13,22; Pr 1,32; Je 13,23).
- "Sabendo primeiramente isto: Que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação (exegese)." (2 Pe 1,20).
- "E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. (At 8,30-31).
- "Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens." (Mt 15,8-9).
- "Todo aquele que corrompe, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho." (2Jo 1,9).
- "E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles." (Rm 16,17).

É a Igreja instituída por Cristo a única que possui o depósito da fé apostólica para dar o sentido correto às escrituras como herança e responsabilidade da nova e Eterna Aliança, por quem Jesus deu a Sua vida (Lc 22,20; 1Jo 3,16). Se a velha aliança caducou por ser mandamentos de Anjos (At 7,53), a nova, é eterna por ser instituída diretamente por Jesus Deus, que se fez homem:
- "Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre." (Dn 2,44).  
- "Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos." (Mt 21,43).
- "Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade." (1Tm 3,15).
- "E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus." (Mt 16,19).

Percebemos desta maneira sem os malabarismos de interpretações exegéticas, que todas as demais igrejas que não seja aquela da qual Nosso Senhor ordenou, não podem salvar e não passam de um delírio da arrogância ou ignorância humana:
- "Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas." (Jo 10,12).
- "Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá." (Mt 12,25).

Falando em mercenários, uma exegese qualquer não deve ser aceita de prontidão e discutida em suas bases antes de se averiguar três pontos primordiais:
1) Deve ser analisada se os seus embasamentos históricos são genuínos e assim, certificar-se de que não estão fundamentados em mitos, inverdades ou falsidades planejadas. Por exemplo: Não podemos sair discutindo de pronto o argumento de que Constantino foi o criador da Igreja Católica, querendo refutar tal argumento dentro desta mesma perspectiva, pois, o próprio argumento é um mito, uma inverdade e uma falsidade. 

2) Deve ser examinado o raciocínio dentro do contexto cultural da época e da região em que se baseia a questão. Por exemplo: Mulheres terem cabelos compridos era questão cultural e social da época e a petição de Paulo estava realmente validada nisso e não numa Lei rígida tal como em um 11º mandamento mosaico. (1Co 11,15-16; Cl 2,16).

3) Verificar se o raciocínio está de acordo com a Tradição Apostólica e dos primeiros cristãos. Assim, certificar-se de que não seja uma alegação desconexa das práticas Apostólicas e da palavra (2Ts 2,15).

Deste modo, fora da Igreja de Cristo, não há salvação, pois Jesus não aceita ovelhas que estejam pastando fora de Seu redil, mas Ele vai atrás da perdida e a conduz ao seu aprisco:
- "Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; e livrá-las-ei de todos os lugares por onde andam espalhadas, no dia nublado e de escuridão." (Ez 34,12).
- "Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e vai após a perdida até que venha a achá-la?" (Lc 15,4).
- "Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor." (Jo 10,16).
- "E, assim, a cada dia o Senhor juntava à comunidade as pessoas que iam sendo salvas." (At 2,47).

As paragens no horizonte da estrada larga podem ser atraentes, as pastagens abundantes e descompromissadas, mas de que vale essa efemeridade, orgulho ou vaidade? Portanto, aquele que se identifica como ovelha e queira ir para o aprisco do Bom Pastor, deve se manter balindo até que seja encontrado e conduzido, caso contrário, continuará ledamente pelos muitos caminhos maravilhosos do mundo junto a bilhões de bodes. Isso diz respeito principalmente aos Católicos esquenta banco que não se encontram dentro do aprisco do Senhor, mas estão pastando tranquilamente do lado de fora da cerca próximo à porta, que poderá se fechar subitamente.

Agora, se os protestantes quiserem continuar batendo o pé nesta questão, a luta não é conosco, mas contra Cristo, àquele a quem supõe pregar em suas exegeses.

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