sábado, 17 de agosto de 2013

Potência Sob Controle

Fácil é conduzir um velho cavalo cansado, pois, qualquer um é capaz de executar esta operação. Contudo, quão difícil é controlar um carro tracionado por um puro sangue audaz e vigoroso. Este tipo de manobra exige uma pessoa de notáveis habilidades; habilidades estas, fora das competências comuns por terem sido adquiridas com esforços objetivos e direcionados. 

De mesma forma, todos nós possuímos uma grande potência interna que ao ser libertada, não deve estar fora de controle para que não nos vença, vindo desta forma, a causar muitos aborrecimentos e problemas a todos os que estão dentro de seu raio de ação, porque raramente este tipo de situação afeta apenas a nós mesmos. Contrariamente, sabemos que uma grande força quando controlada, quando bem dirigida e harmoniosa com o conjunto, pode nos levar mais longe e mais depressa que os outros. Neste caso, com pouco esforço podemos fazer o trabalho de um gigante.  
  
Por exemplo, um rio em seu curso natural pode aparentar ser sereno e fraco, porém, se represado e depois perder repentinamente sua contenção, a força desta energia é capaz de destruir impiedosamente tudo o que estiver em seu caminho. Por outro lado, se este acumulo de energia for bem administrado em sua liberação, será capaz de produzir inúmeros benefícios. Em quaisquer que sejam os casos, um ponto deve ser levado em consideração, a saber, uma força descontrolada pode afetar muitas pessoas, porém, se esta mesma força for controlada, ela tem o poder de beneficiar muito mais pessoas que o descontrole tem de causar malefícios. Pense numa caldeira, em uma turbina, numa usina de energia, em um automóvel ou em qualquer outro mecanismo que libera energia, até mesmo uma simples panela de pressão. 

Assim é o ser humano, há em seu interior um rio de grandes capacidades atravessando seu ser que pode não ser percebido por sua aparente mansidão, porém, este esconde um poder colossal. Esta força pode ser utilizada desastradamente tal como em um rompimento de barreira por liberar toda sua energia em um único impulso ou opostamente, podemos fazê-lo trabalhar a nosso favor quando bem controlado tal como numa usina hidrelétrica.

Muitas pessoas deste mundo tecnológico não creem nesta energia interior pelo motivo de só verem aquilo que é essencial para suas vidas cotidianas e aquilo que está evidente, ou seja, boiam na superfície das águas da vida. Na essência, elas assumem a seguinte postura: 'Para que me preocupar com minha saúde se disponho de médico e remédios para isso?'. Com isso, não desenvolvem sua sensibilidade para seu universo interior aonde mora seu espírito, fonte esta, de toda sua energia, bem como, de sua saúde ou doenças, felicidades ou tristezas, suficiência ou necessidade, vida ou morte!

Então surge a pergunta: 'Como colocar esta energia a nosso favor?' Bem, para compreender de modo conveniente, farei uma interrogativa em cima desta: Como você faria para que um macaco reconhecesse o valor de uma joia, ou um porco o valor das pérolas?

Sabemos que por seus próprios meios e capacidades estes brutos jamais conseguirão, a resposta portanto é: Comendo-os! Porém calma, não se precipite em sair em debandada como fizeram com Jesus quando ofereceu Sua carne e sangue para comerem. Sossegue...

Antes de destrinçar a resposta, saiba que para controlarmos nossas potências a nosso favor é necessário uma firme conscientização e preparo para que essas energias sejam devidamente represadas e então utilizadas, estando sempre aos cuidados de nossa alma. Adianto que não é fácil unificar e equilibrar o homem moderno justamente porque suas faculdades mentais, muitas vezes estão deficientemente desenvolvidas e também vítimas dos entulhos apelativos mundanos e dispersores dos dons espirituais intrínsecos dos seres humanos.

Pois bem, dentro de uma usina energética, muitas variáveis devem ser controladas e bem administradas segundo a ordem de importância destas. Caso os protocolos de segurança e dos estudos de seletividade sejam desconsiderados, uma falha no sistema pode causar graves consequências de todas as espécies a inúmeras pessoas. Assim, estas usinas são construídas por etapas, desde a terraplanagem até sua automação e proteção antes de sua energização. Nenhuma etapa pode ser queimada ou trocado as ordens. Se assim for feito, são inúmeros os benefícios derivados de uma grande potência devidamente controlada. Portanto, a primeira providência a ser tomada em nossa usina de energia interna é fazê-la trabalhar harmoniosamente por organizar cada potência em seu devido lugar e mantê-las em equilíbrio.

Portanto, respondendo ao questionamento, a árvore vive porque absorve do solo os elementos minerais, assimilando-os e dando-lhes nova forma segundo a sua própria natureza, logo, os fazem ascender a um estado superior, a saber, da vida mineral para a vida vegetativa. O inerte ganhou vida da qual seria impossível por meios próprios. Isto não é evolução nem adaptação, mas é transformação ou ascendência.

O animal vive porque faz uso dos elementos minerais e também das substâncias vegetais, integrando-os em sua vida animal dinâmica, elevando-os a um patamar também impossível pelos seus meios próprios. 

O ser humano eleva as energias inferiores para níveis superiores, a saber, o mineral, o vegetal e o animal que se transpõe a patamares extraordinários quando são sintetizados na pessoa humana, pois, são agregados em sua suma. Desta forma os instintos e a sujeição ao sistema rompem seus grilhões e assumem vida própria onde nem o destino tem domínio, mas sim os propósitos tal como na história do boneco Pinóquio.

Por sua vez, o espírito eleva o homem quando toma as rédeas de seus instintos animais provenientes das forças inferiores e convence seu ego a deixá-lo conduzi-los pela luz.

Perceba que a flor ou o animal, são seres acabados e portanto completos em si mesmos. Não se desenvolvem além do já que são. São perfeitos dentro de sua categoria. A grandeza do homem, ao contrário, é eternamente construir-se a si mesmo. Somos seres inacabados, e por isso podemos participar de nossa própria criação.

O que seria da bicicleta se os raios de sua rodas não fossem harmoniosos? Não haveria bicicleta.
O que seria da casa se suas paredes não fossem harmoniosas? Não haveria casa.
O que seria do homem se seus atributos não fossem harmoniosos? Não haveria homem.

O homem subdesenvolvido é aquele cujos desejos estão exasperados, cuja a emotividade está desnorteada, cuja imaginação está desorientada. Todas as suas potências estão indisciplinadas e combatendo umas as outras. Estão procurando cada uma sua própria satisfação desconsiderando as leis e as regras do espírito. Desta maneira não há homem. Porém, ser homem é recolher todas as suas forças dispersas, reorganizá-las em função dos valores mais sublimes e entregá-las ao espírito para que as submeta.

Se um animal doméstico se perde na natureza, ele gradativamente voltará a ser selvagem. Opostamente se a água selvagem na natureza for capturada e canalizada, se tornará vivificante. Assim são nossas faculdades e potências, se deixarmos elas escaparem, nos conduzirão ao estado selvagem de difícil doma, mas se submetidas ao domínio do espírito, serão uma força a nosso favor tal como um míssil guiado.

Quando queremos que uma árvore fique baixa e robusteça seus galhos e tronco, cortamos sua copa, assim seus galhos baixos e folhas ganham mais vigor por serem regados por mais seiva. De mesma forma, se ceifarmos nossas qualidades mais altas, a baixas se desenvolverão e serão fortificadas. É preciso que cada um escolha a direção que quer seu desenvolvimento, a saber, para cima ou para baixo. Nos dias de hoje, as 'árvores' estão em sua maioria com suas copas amputadas.

Mas atenção, o desenvolvimento para cima exige não apenas o solo comum, contudo, pede o adubo correto. Atente que muitas atitudes aparentemente virtuosas não passam de recalques, a saber, se sacrificar por ter 'uma vontade de ferro', 'para ser alguém na vida' ou para 'demonstrar humildade' e demais 'virtudes'. Estas são atitudes das forças inferiores ou do ego. Portanto, muitos tipos de virtudes ou altruísmo não passam de simulações adornadas da egolatria. Devemos portanto, adubar nossas intenções não com o orgulho, mas devemos fazê-lo por amor. Não adubemos nossas intenções para os outros, mas porque desejamos isso para nós mesmos.

Se quiser renunciar a algo, faça-o por amor a você e aos outros. Se quiser se sacrificar por algo, faça-o para acolher a si mesmo e aos outros. Se quiser morrer por algo, que a morte seja para viver por você e pelo próximo, pois, nenhuma morte vale a pena se não for para ressurreição. Se quiser fazer algo, faça-o para benefício de todos sem colocar a banda à sua frente e soltar fogos e confetes.

Se suas emoções por vezes o inquietarem, não as despreze, pois elas são sua riqueza, elas são sua bússola. Emocione-se por um belo espetáculo. Emocione-se pelos sofrimentos dos próximos e dos distantes. Vibre com entusiamo diante de uma bela obra de arte. Alegre-se junto com a alegria de um amigo. Compreenda profundamente as circunstâncias dos outros. Aceite os convites de seus muitos dons. Harmonize todas as suas forças às do seu espírito.

Se um cachorro leva uma surra cada vez que late para algo, você o suprimirá de se expressar diante de algo que o inquieta e um dia, esse algo poderá ser o seu atroz.
Se uma criança é tratada duramente, tornar-se-á mentirosa, retraída e apática e algum dia sua companhia leal será desejada.
Se suas emoções são constantemente barradas, elas irão fugir para dentro de você bem profundamente e aí, dificilmente você conseguirá que elas saiam de sua toca novamente.
Se sua inteligência não for constantemente alimentada e acalentada, você a abafará de seus julgamentos abalizados e estará vislumbrando uma tragédia anunciada sem se dar conta.

Por medo do obstáculo, uma pessoa pode fechar seus olhos para acalmar-se, mas o obstáculo ainda estará a sua frente e tempo precioso estará sendo perdido para se tomar uma providência. Assim, se amedrontado você se recusar a tomar consciência do que viu, nem por isso esta atitude removerá de seu caminho o elemento causador. A ferida abandonada irá se espalhar e infeccionar. Portanto, não se envergonhe de suas emoções. Não negue sua comoção por crer ser uma fraqueza. Mas as tenha em sobriedade. Em contrapartida, lembre-se, enquanto o rio que transbordou não retornar ao seu leito, será impossível trabalhar em terras inundadas. Portanto, não permita que seu ego ou as demais forças tire o controle do espírito enquanto em comoção.

Mas tenho que confessar aqui que eu menti a vocês... Foi um deslize meu que quero corrigir, pois, quando eu disse que temos um rio que nos atravessa, na verdade o que nos atravessa é um veio de urânio... Me perdoem pela mentira de tentar minimizar este poder atômico...!

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