sábado, 3 de agosto de 2013

Posicionamento Humano

O tema aqui não se presta para uma regra de grupos, menos ainda para uma lei, assim, o que proponho é uma reflexão individual àqueles que possam compreender o que digo.

Os problemas de um indivíduo não são problemas apenas daquele que o possui, mas pode ser uma questão de todos, pois, vivemos em sociedade e este mal tende atingir cada qual em sua constituição e especialmente na alma.

Em eras passadas, era a carne que agonizava porque o homem não tinha domínio sobre a matéria. No entanto, hoje com o ser humano intelectual e sua tecnologia dominando, moldando e transformando a matéria por desvendar seus mistérios, tem-se a ideia enganosa que é o senhor do universo, assim, se a zombaria dos senhores experts recai sobre o antigo conceito de que o Sol e os Planetas orbitavam em torno da Terra, o que poderíamos dizer a estes mesmos que agora dizem que é o universo que orbita em torno da Terra, pois estamos sós na vastidão? Bem, este é um outro assunto, voltemos...

Assim, o homem apontando sua atenção, seu encanto e seus esforços para a matéria, gradativamente foi se esquecendo de seu espírito da qual por milênios deteve sua atenção da qual é sua força motriz. Seus cuidados passou a ser o universo externo enquanto seu universo interno e muito mais importante, se apagou de todas as suas luzes e assim, nossa agonia agora é de espírito e esta é mais dolorosa porque reflete também a carne.

Se o espírito se apaga, tudo está perdido. Sem espírito não há homem, porque é do espírito que nasce as ideias. É do espírito que a matéria se amolda a seu favor. É do espírito que surge a beleza da arte. É do espírito que brota o amor em prol do crescimento da humanidade. É o espírito que qualifica todas as nossas realizações, assim, nos distingue dos demais, pois, não somos produtos seriados.

Sem o espírito, todas as consecuções do homem tais como suas máquinas, seus projetos, suas organizações e civilizações se voltam contra ele próprio, porque a carne visa apenas seus interesses egoístas como se tudo o mais não fosse importante para sua particular continuidade. A carne se fecha em si mesma sem a adição do componente espírito. Todas as culturas passadas que caíram neste reluzente engano ou foram vítimas deste mal indiretamente, desapareceram e assim, a matéria que é perseguida, novamente lhes escapa.

De mesma forma, a nossa civilização está ameaçada e desta vez, se trata da civilização global. O verme que corrói o Ser, já está em atividade e este se fortifica e se alimenta das paixões e facilidades para o irregular que o mundo moderno proporciona. Aqui o espírito também se alimenta, mas do ego, do veneno do orgulho, do poder sem responsabilidade e das demais mazelas da mesquinharia da carne.

Estamos colhendo os frutos já maduros desta irresponsável entrega à matéria. Presenciamos a moralidade decaída proveniente do tolhimento do espírito e por consequência a delinquência sem limites, doenças mentais e desequilíbrio em proporções de flagelo pandêmico. Nunca na história da humanidade houve tanta necessidade de médicos e especialmente de psiquiatras para salvar o que resta do espírito. Será que alguém vê a primazia da evolução do espírito humano para combater este mal que a carne em seu monólogo está causando? Seria preciso que Cristo reformulasse sua advertência de: 'Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?' para 'Pois que aproveita ao homem ganhar o universo inteiro, se perder a sua alma?' Ou seria preciso que Ele repetisse interrogativamente (como fazia) o enunciado anterior para esclarecer alguma parte do mesmo que não foi compreendida por nós?

Entretanto, o mundo é notável e não temos o direito de frear seu progresso ou de nos evadirmos dele, opostamente, temos a obrigação de participar ativamente e contribuir para seu desenvolvimento. Porém, é necessário recriar o homem pelo desenvolvimento da sua consciência e de sua alma. As facilidades do mundo moderno ofuscam a compreensão de que estas são apenas meios de se atingir posições mais elevadas e não o fim em si mesmas. Ninguém tem o direito de capitalizar um bem humano pertencente a todos em benefício próprio e assistir apaticamente o detrimento de seus semelhantes.

Assim como uma boa edificação reclama do engenheiro cálculos mais precisos e dos operários mãos mais seguras, assim também, para que o homem possa se edificar dentro da sociedade, ele deve colocar seu espírito naquilo que faz, mas não um espírito estagnado e turvo, mas aquele espírito proveniente da transformação pelo desenvolvimento gradual e contínuo.

Infernal é a corrida dentro do circulo sem fim! Por ter caído de joelhos diante deste novo ídolo da modernidade, o homem em sua adoração, possui avidez de consumir mais do que consegue produzir. É um eterno esfomeado que nunca se farta. Por mais que possua, sempre está a espreita da oportunidade de arrancar a força de seu próximo até mesmo o pouco que aquele infeliz possui. Sem dúvida, para o indivíduo pouco evoluído , estas palavras soam o oposto do que digo, a saber, soam como fracasso. Isto se dá, porque para transformar o homem, as estruturas também devem ser revolvidas e isto, estes não desejam, já que estão acomodados confortavelmente nela e o declive é mais fácil trilhar que escadas acima.

Ei-lo aqui portanto, dilacerado em seu Ser profundo por ter perdido a noção do verdadeiro significado de êxito. Se auto-sentenciou a uma luta constante contra os demais num eterno acúmulo de entulhos para si próprio enquanto seu espírito se perdeu, largado por caminhos já esquecidos.

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