sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Os Três Níveis da Construção do Caráter

No quesito caráter, poucos são os homens completos e assim, firmemente estruturados em relação aos demais. Estes são aqueles que possuem a habilidade de manter a excelência de uma firmeza moral ante os desafios da vida. Assim sendo, observadores intrigados podem perguntar a si mesmos:
- Será que alguém os ajudou a se construírem?
- Será que se construíram a si mesmos?
- Por que muitos outros se corrompem enquanto estes não?

Poucos portanto, são os homens que merecem a denominação de Homem. Desta visão, se distingui que há homens e Homens, sendo que na aparência e nas palavras muito se assemelham, entretanto, em seus movimentos há largas e profundas águas que os apartam. 

O Homem de caráter firme é equilibrado nos nossos três domínios de manifestações singulares:
Primeiro: O Espiritual;
Segundo: O Mental;
Terceiro: O Físico.

Apesar de estes três domínios se combinarem, se conectarem e por vezes se homogenizarem, contudo, para a formatação de um caráter nobre, cada  um destes devem ser respeitados segundo sua hierarquia posicional.

O primeiro, o Espiritual, é mais nobre, mais belo e mais desejado. O menos nobre, mas ainda assim, não menos importante é o Físico. Contudo, se a ordem das prioridades não for conservada, o Ser ruirá e o homem perderá sua identidade por cair na mesma capacidade coletiva, da qual eu denomino de limbo social, onde jazida a grande maioria dos seres pelo fato de atualmente estar baixíssima a escala do progresso e do desenvolvimento humano.

Este limbo social é facilmente percebido na graduação consciencial decrescente dos indivíduos. Por sua vez, esta graduação consciencial é facilmente verificável e mensurável pelas programações de ordinária qualidade das emissoras de TV, das músicas mais tocadas, dos best sellers, dos conteúdos das revistas e demais tendências bovinamente impostas pela mídia, porém desejadas, da qual se percebe nas reivindicações do populacho.

Assim, vamos analisar cada um destes domínios acima e inferir nos detalhes de cada qual, e em quais níveis eles devem se situar para o equilíbrio do caráter.

O Físico

Alguns homens não procedem como Homens. Oras, isto não é normal! O homem que não possui uma conduta de Homem é porque o Físico assumiu o comando de seu proceder e assim, o reveste com suas características. Dentro deste contexto, é demonstrado um espírito esmagado e dominado pela lascívia, pela fraqueza de caráter ou pelas doenças. Este é frouxo e não raro causador de problemas.

O Físico é o denominador comum dos homens. Ele constantemente tenta se evadir de sua posição para estar no domínio do corpo. Não raro desponta repentinamente e manda uma ordem, se lhe cedemos, o seu peso esmagará todo o resto de nós. Nossa Mente - o Eu - se embota, o espirito seca e então o bruto toma as rédeas de nossas mãos e passamos a andar segundo seus desejos sensoriais, tais como o prato apetitoso a que devemos resistir, o doce, o copo de bebida, a autocomplacência, a preguiça, a recusa do esforço necessário, as emoções arriscadas que por desventura procuramos, as concupiscências e demais apetites comuns nos domínios do Físico.

Dentro deste território, estamos sujeitos a transformar até mesmo uma pequena afeição em uma paixão, e escapando ao controle da Mente ou do espírito, perdemos a cabeça e então passamos a caminhar de arrastos. 

A Mente

Nós podemos não estar nos territórios do bruto que é o Físico, mas se estivermos nos domínios da Mente aonde o ego impera, e portanto hora é racionalista e hora é emocional num sistema binário que vai do quente ao frio num instante, podemos cair em suas ciladas. Quantas são as vezes que ele manda em nós? Pois note seus mandos e desmandos:

° Achamos que tal pessoa tem razão porque simpatizamos com ela, e que tal outra está errada porque nos antipatizamos com ela; 
° Estudamos com prazer a matéria de um de nossos professores porque ele nos é simpático, e seremos displicente com outra matéria porque o outro é um chato de galochas;
° Somos sensíveis demais e então ficamos deprimidos porque uma censura nos atingiu em nosso lamacento ego ou até mesmo porque alguém nos tenha negado algo;
° Não temos coragem de lutar porque ninguém nota os nossos esforços;
° Hoje rezamos porque estamos dispostos por termos recebido uma notícia agradável ou porque nos emocionamos pelo espetáculo de um grande sofrimento, mas, amanhã nós já não poderemos mais rezar porque sentimos um vazio causado por alguma mágoa.

Nestes domínios não estamos de pé, mas sim, estamos arcados pelo peso dos entulhos de estimação acumulados. Um homem apenas se põe em pé quando seu espirito está no comando e inteiramente livre e leve para atuar na mente e no corpo, porém, não os despreza a nenhum deles, pois ambos são excelentes, belos, harmoniosos e uma potência quando sob a autoridade correta.

Assim fica claro que temos o direito e o dever de desenvolver o vigor do nosso corpo e de nossa mente, pois, cada qual são a força para galgar sem dificuldades o próximo degrau. Os três níveis trabalham em interação, sendo cada qual um componente importante para a fórmula da vida dentro das dosagens corretas. É claro que devemos administrá-los, pois, eles são nossa montaria. Nós podemos instigá-los, mas temos que conservar firme entre as mãos do espírito as rédeas. Eles são nosso veículo, podemos conduzi-los, mas, devemos conservar bem firme o volante às mãos. Se permitirmos que nossa montaria desembeste ou se nós perdermos o controle do veículo, fatalmente acontecerá um acidente. 

Neste domínio existem também aqueles homens aéreos que vivem 'no mundo da lua'. Vivemos no mundo da lua quando tomamos o sonho pela realidade, passamos nosso tempo concebendo planos grandiosos que nunca os fazemos realizar. 

Vivemos ainda no mundo da lua, quando, por medo da realidade, falta de generosidade ou pela satisfação orgulhosa, nos deixamos levar pelos devaneios.

Sonhar nossa vida não é vivê-la. Temos todo o direito de nos agarrar a um sonho para que ele nos empurre para a frente, mas, nunca para que nos afaste da realidade.

Esta fuga mental ocorre quando não aceitamos a nós mesmos, ou quando não aceitamos os outros, ou o meio em que vivemos, o lugar que nós ocupamos na sociedade, os acontecimentos que nos atinge.

Para que nós possamos nos construir corretamente e permanecermos de pé, temos que nos lembrar muitas vezes das diferentes etapas do homem e de sua hierarquia, e em seguida, observar lealmente a nós mesmos em face de tal pessoa que somos, nossas atitudes ou nossos atos. O que foi que nos levou a decidir isto, a agir ou reagir daquela forma? Se não foi nós mesmos quem comandou, já é uma vitória de nosso espirito tal verificação. Ele, assim, já não é mais uma vitima cega do sistema, mas, começa a libertar-se e assumir sua missão de dirigir sua própria vida.

O Espírito

O homem por ter a característica de não estar acabado, por seus próprios meios portanto, não pode manter-se de pé, pois, seu corpo é muito pesado e sua mente muito sedutora. Desta forma, ele tem a sutil necessidade de uma força que o atraia para cima, que o sustente e então, o transfigure interiormente.

Assim, se nós ascendermos nossa alma através do nosso desenvolvimento e progresso, encontraremos a Deus numa visão embasada não numa credulidade tal qual aquela que permeia nos domínios do Físico e da Mente, mas sim, nossa visão será libertada do véu carnal e perceberemos Deus tal como Ele é, pelos olhos da verdadeira fé.

Se nós não escolhermos vivificar nosso espírito por colocarmos Deus como nosso super-herói, seremos limitados e portanto, mutilados em nossas capacidades, pois um ser inferior assumirá a posição de nosso super-herói, colocando desta forma um teto baixo para atingirmos. Seremos assim, um indivíduo truncado. Contrariamente, o homem perfeito em seu ser não terá variações, pois, tornou-se um homem em pé, eterno investigador e divinizado, conseguiu libertar-se das amarras do instinto aprisionador e do ser concluído.

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