domingo, 14 de julho de 2013

Análise e Solução de Problemas


A quantas andam sua autogestão no quesito resolução de problemas? Como age em relação à ele? Ignora, empurra para frente, foca em soluções ineficazes, faz de conta que está resolvendo ou realmente resolve ele? Seja honesto, qual o seu perfil predominante neste respeito? Bem, uma coisa é certa, excetuando-se este último item, se sabemos que vamos produzir tempestades, não deveríamos ficar surpresos se chover, não é mesmo? Isso é chamado de fuga mental, ou seja, o indivíduo possui algum bloqueio que faz com que ele se desfoque da realidade indesejável e se refugie em um mundo de devaneios idealizado em sua imaginação e criado à sua imagem.


Nós seres humanos, com toda a nossa diversidade e complexidade emocionais e racionais, muitas vezes somos o próprio problema, quero dizer, nós gratuitamente o criamos, cultivamos e o alimentamos. Sendo assim, devemos entender o problema como um assunto a ser bem compreendido e então, levado à solução em tão curto tempo quanto possível com a adoção dos procedimentos corretos. 

Entretanto, como bem observou Aristóteles, todo verdadeiro conhecimento provém da prática. Desta forma, se pouco praticamos ou damos importância as resoluções de pequenos problemas, não teremos bagagem e estrutura suficiente para a resolução de problemas maiores. Isso fica melhor compreendido na máxima de Johann Goethe que disse: Não se possui o que não se compreende. 

Para ficar melhor entendido, vou dar uma salpicada na forma como a engrenagem da vida funciona: Uma criança só se desenvolve plenamente brincando de faz de conta, experimentando, se sujando, machucando, relacionando-se com outras crianças  e muito mais. De mesma forma, constantemente nos deparamos com pequenos problemas, isto é, com pequenas oportunidades de desenvolvimento e assim, a cada solução dada, acumulamos mais experiência de vida de modo que, quando um grande problema aparece, aquelas pequenas experiências nos tornaram aptos a dar cabo de mais este. Os pequenos treinos contínuos de simulações nos habilitam a participar do campeonato não é mesmo? A isto denominamos de madureza da natureza humana.

Assim como o condicionamento físico, o conhecimento favorece quem o possui. Não falo estritamente de encher a mente com informações genéricas, falo incisivamente de conhecimento funcional. Falo do conhecimento da qual uma informação foi trabalhada, associada com outras e mitigadas até sua essência, a saber, diluiu-se em nossa formação, pois, tão mais importante que a informação é a formação, pois através desta, jogamos fora o que é lixo, peso e bagaço e então, ficamos com sua riqueza que faz a mente desenvolver. Este processo é conhecido por Navalha de Occan, onde optamos por manter apenas o que é essencial. Se você ainda não possui este hábito, comece hoje. Veja como desenvolver sua inteligência e raciocínio aqui. Consta que no Egito Antigo as bibliotecas eram chamadas de 'Cura da Alma', porque era ali que se expurgava a pior doença que um ser humano poderia estar acometido e originadora de muitas outras, a saber, a ignorância (Jacques Bossuet). Sendo assim, a superioridade de se buscar a formação é que a parte que ignoramos pode ser muito maior de que tudo quanto sabíamos (Platão), desta forma, esta não passará despercebida. Pense seriamente nisso e descobrirá o porquê aquilo que para um é uma montanha de problemas, para outro que tenha condicionamento e treino cognitivo, não passa de uma colina.

O conhecimento útil nos habilita a tirarmos maior proveito da vida e não apenas de passarmos inutilmente por ela. Consta que nos Estados Unidos um homem possuía um grande pedaço de terra da qual ele procurava dia após dia por ouro, passou anos revirando suas terras. Um dia desanimou e a vendeu para outro que realmente acreditava no potencial daquela terra seca. Passado uns dias apenas, o novo dono da terra encontrou a maior pepita de ouro já encontrada até então e isso a apenas um metro a mais de onde o antigo dono escavava. Isso significa que de nada adianta ter um grande diamante enterrado se não soubermos de sua existência. Entregue uma joia à um macaco e veja o que ele fará com ela; não é por menos que Jesus nos recomendou a não dar nossas pérolas aos porcos. Entretanto, é o conhecimento que nos aponta o valor das coisas.  

Contudo, seja qual for sua situação, você pode melhorar a resolução de problemas se estabelecer o que eu chamo de 'Rede Neural', a saber, incluímos outras pessoas no aconselhamento de nosso problema, isto amplia nossa inteligência por estarmos fazendo uso de 'processadores distribuídos' no tratamento de uma solução. Mas fica aqui a dica para que você decida quais procedimentos melhor se adequarão a sua realidade e assim aplicá-los, caso contrário, você poderá arrumar mais um problema ou novamente entrar na velha fuga mental por postergá-lo mais uma vez.

Assim, antes de perder o sono por causa de um problema aparentemente insolúvel ou quase isso, lembre-se que é do fundo do poço que descobrirmos as estrelas (Aristóteles). O que eu quero demonstrar com isso, leva em consideração dois pontos:

1) Os problemas tem a dimensão que lhes atribuímos. Muitas vezes imaginamos um monstro de sete cabeças, mas quando o enfrentamos, acabamos por descobrir que ele tinha apenas uma, o restante era delírio nosso. Na verdade, problemas são oportunidades que temos de crescermos e evoluirmos. São oportunidades de descobrirmos que há um mundo ainda oculto que desconhecemos. Se os bebês fossem complacentes com eles mesmos como somos conosco e não tivessem persistidos em andar, hoje estaríamos todos rastejando e os pássaros andando como galinhas. 

2) Nem todo problema pode ser resolvido do ponto de vista apenas racional como se fosse um algoritmo computacional, onde os passos já estariam decididos e previstos. Em muitos casos, temos que levar em conta o fator caótico envolvido, pois, a relação entre nossas ações e os resultados não é tão estreita quanto racionalmente gostaríamos que fossem, deste modo, devemos começar a resolver o problema de forma mecanicista, ou seja, devemos particioná-lo e ir resolvendo cada parte conforme forem aparecendo ou a necessidade exigir. Para isso, basta começar que automaticamente as batatas quentes vão caindo em nossas mãos.

Um bom começo na solução de um problema difícil, seria classificá-lo quanto a sua natureza, pois assim teremos o entendimento correto de sua característica e saberemos exatamente com o que estaremos lidando e assim, daremos atenção maior para soluções que procedem desta mesma natureza. A sugestão aqui portanto, é uma visão mecanicista do problema, onde particionamos ele até chegarmos ao seu âmago para assim atacarmos a origem e não o sintoma. Saiba portanto, que há quatro classificações principais:

Psicossociais – Creio ser esta o pior componente do problema. Pessoas com uma visão desproporcional de sua dificuldade, estressadas, em conflito ou desequilibradas emocionalmente não raciocinam efetivamente, porque o lado direito do cérebro está super ativo e sobrepondo ao lado esquerdo que é racional e equilibrado. Assim, usam-se desproporcionalmente sua imaginação e passam a supor tudo quanto é conspiração contra elas. Se não fosse trágico, até que seria hilário.

Financeiro – Isto significa falta de dinheiro em espécie ou problemas de caixa: Gastou muito, Perdeu o emprego, Dívida não prevista ou Reservas insuficientes para uma emergência.

Econômico – Refere-se a mudanças na sustentação da estrutura que nos ampara: Aumento externo dos custos operacionais tais como inflação, Alto custo da auto-manutenção, Políticas econômicas, Queda nas vendas ou qualquer outra situação que nos arrebata recursos.

Operacionais – Este talvez seja o mais evidente dos quatro. Todos sempre estaremos sujeitos a passarmos por dificuldades operacionais, tais como: Fonte de algum suprimento cortada, Transporte, Moradia, Saúde, Família, Estudos, Horários e demais situações do gênero.

Agora que foram apresentados, saiba que um problema de uma natureza se prontamente não sanado, pode gradativamente começar a interferir nos demais tipos e isso pode gerar um estado de crise onde o indivíduo entra em depressão. Portanto, antes de tudo mais, devemos assumir um compromisso conosco mesmo ao invés de tentarmos manter uma imagem não condizente com a realidade daquele momento, pois essa atitude última só agravará a situação tanto do ponto de vista do problema quanto de nosso psíquico, daí dá para perceber que o agravamento não é linear, mas exponencial.

Mas vale levar em consideração, que antes de tudo, devemos avaliar se realmente é necessário resolver determinado problema, até porque, alguns problemas são na verdade a solução para algum outro problema maior e então, realmente, lá no fundo, não queremos resolvê-lo, mas isso é uma escolha muito pessoal que deve ser avaliada e reavaliada para saber suas implicações futuras para nós e para os outros que nos importam. (veja também: Atos de Responsabilidade)

Mas excetuando-se estes casos extraordinários e supondo que aquele específico siga a linha habitual, a saber, resolvê-lo, então você deve ser honesto com você mesmo e se perguntar: Qual é a minha real motivação para isso? Com isso, devemos nos avaliar dentro de uma escala honesta e se for necessário, devemos colocar o ímpeto adequado para essa escala atingir seu máximo. Em outras palavras, devemos declarar guerra ao problema, principalmente se ficarmos surpresos com nossa própria resposta de baixa motivação. 

Para quem pegou o habito da fuga mental, no começo pode se sentir desconfortável em assumir uma postura energética no enfrentamento do problema devido a insegurança, mas a cada barreira vencida a autoconfiança vai ficando mais forte até o ponto de superação ou mesmo de supuração do bloqueio. O importante é mudar o cenário de nosso espírito que tanto nos incomoda. E essa mudança de espírito envolve também bom senso como demonstro na sequência.

Quando apresento um problema simples, sempre renovo minha surpresa com as propostas tortuosas apresentadas para sua solução. Percebo que apesar das pessoas quererem uma solução, é evidentemente manifesto nelas o orgulho pairando. Uma guerra é declarada, mas não contra o problema e sim a favor do próprio ego e assim, se o problema for resolvido, será em muitas dores e traumas que mais acentuarão a fuga mental de que realmente ajudarão em seu desbloqueio. Portanto, esta pode ser umas das causas de nosso tolhimento ante as dificuldades. Assim, o ponto focal não é qual dos lados irá ganhar a discussão de ego e sim a solução do nosso problema.

Se necessário, fuja de pessoas que simulam ajuda. Se estou com fome e alguém me oferece um vale refeição válido para daqui um mês, essa pessoa realmente não está muito disposta a ajudar, porque meu problema é urgente e ela sabe disso. Portanto, não se deixe enganar quando percebe contradições entre palavras e ações e não perca seu tempo em tentar pegar o vento.

Não dê ouvidos a soluções fantásticas onde mais uma vez a contradição paira no ar. Se sua operadora de cartão te ligar insistentemente para te propor uma solução ótima para seus problemas financeiros, não se deixe enganar. Caia na realidade e perceba especialmente que nenhum estranho insistirá em resolver qualquer problema seu que seja, ainda mais financeiro. Na verdade, estão querendo resolver o problema deles e te enfiar mais ainda no buraco depois que te sugarem o que puderem. Portanto, sempre tente compreender as coisas nas entrelinhas. Essa postura te salvará de mais transtornos além daqueles que normalmente temos e ela se chama 'perspicácia'. 

Tem problemas que resolvidos estão ou pelo menos deveriam. Se sua namorada dá com o pé na sua bunda, perdeu muito dinheiro numa transação mal feita, separou-se, alguém se foi ou algo assim que lhe sinalize nova condição perante a vida, em vez de fazer disso um problema, aceite a mudança como uma nova fase de sua vida que com certeza lhe proporcionará oportunidades extraordinárias. Encare o futuro com confiança porque você é o responsável pela realidade em que vive, a propósito, sua realidade é criada por você, assim, mate o problema no ninho antes que choquem e ecludam. 

Estes foram apenas alguns exemplos para demonstrar que em qualquer caso que seja, o uso da perspicácia, memória, deslocamento e contradição estão intrínsecos na resolução de qualquer dificuldade e assim, mais uma vez recomendo a matéria já indicada de Como Turbinar sua Inteligência, para assim o assunto estar melhor concluído. 

Mais uma palavra para encerrar a matéria: Se você culpa a todos pelos seus infortúnios, então meu caro, sinto te dizer isso, mas você não é uma pessoa madura emocionalmente e racionalmente, mas sim, ainda uma criança birrenta independente de sua idade cronológica. Quem conviver com você terá a infelicidade de ter que constantemente trocar suas fraudas e te dar mamadeira no sentido emocional e cognitivo. Portanto, acorde e perceba que em tempos de rápidas mudanças, os instruídos estão equipados para viverem em um mundo que está a caminho, enquanto os sábios, além deste, também estão equipados para viverem sem o mundo que se foi.

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