quarta-feira, 15 de agosto de 2012

As Duas Pedras


Desde sempre ou melhor dizendo, inerente a Igreja Cristã desde seu nascimento, foi o sucessivo e preponderante papado. Esta regência sempre foi natural à Igreja por estes dois mil anos até chegarem muito recentemente os protestantes para afirmarem solenemente que o pontificado não é legal e portanto antibíblico. Isto denota que a Igreja seria pagã em trajes cristãos visto do ponto de vista mais educado, quando não, somos chamados diretamente de 'a prostituta na costa da besta e de Babilônia a Grande' (Ap 17,1-5).


Essa objeção é levantada unicamente para nos desmoralizar e assim, estes usurparem o nosso usucapião de Igreja divinamente instituída e duas vezes milenar. Querem nos arrancar a força aquilo que nos pertence por direito.

Porém, aquela teologia é fraca por não ter o fundamento bíblico Divino e portanto, a acusação acaba por se reverter contra os questionadores. A explicação para isto que aqui digo, é que apesar de citarem a Bíblia, são tendenciosos nos textos, fora do contexto, textos incompletos e fora de ordem. É como se forçassem o resultado de 2 + 2 para obterem 5. Então, segue a impugna contra tais que tem tentado corromper a verdadeira Igreja estabelecida por Cristo e pior, desencaminhar ou encaminhar (como queiram) as pessoas pouco lógicas para seus próprios interesses.

A Refuta

Pois bem, sabemos que a Bíblia contém os ensinamentos dos preceitos e procederes cristãos. Tudo nela registrado nos revela algo de importância para nossa vida e da vida da Igreja (2Tm 3,16-17). Assim sendo, logo no começo do ministério de Jesus, quando Ele ainda escolhia seus Apóstolos, Jesus fitou firme um deles e disse-lhe: “...Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas - que quer dizer Pedro que significa pedra” (Jo 1,42).

A pergunta é: Por quê Jesus intencionalmente mudou o nome daquele discípulo, sendo Simão o único que sucedeu isso dentre todos aqueles outros (exceto muito posteriormente Paulo o Apóstolo)? Qual seria a intenção de Jesus por detrás deste ato exclusivo?

Em se tratando de Jesus, está claro que Ele anteviu as qualidades de Simão Pedro e atribuiu a este, desde o começo de seu ministério, significados relevantes e revelantes.

Bem, que significados seriam estes então? Deixemos o próprio Jesus responder: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,18-19). 

A resposta dos objetores para estas palavras de Jesus se escora inteira no raciocínio que a pedra referida aqui seria o próprio Jesus. Até que poderia ser se não fosse por um detalhe berrante: Estes confundem miseravelmente as duas pedras principais da Igreja como sendo a mesma pedra. É como uma pessoa alcoolizada enxergar a mesma pedra em dobradinha, ou seja, para estes tanto faz uma quanto a outra, ambas seriam a mesma pedra da Igreja não importando se ora ela aparece em cima ou de lado e ora como alicerce. 

Bem, então vamos deixar claro quem são, por conseguinte, estas duas pedras. Vamos curar essa bebedeira espiritual:

1) Notamos no texto acima citado que quando Jesus investe poder em Pedro para sua Igreja, a frase inteira não muda o diapasão, quero dizer, Jesus embala um raciocínio único e afinado em que o sujeito da frase parece permanecer o mesmo no início, no meio e no fim de sua observação. Releia o texto novamente e perceba que se trata de um único juízo.

2) Depois de sua ressurreição, Jesus dirigiu-se a Pedro na praia do lago Genesaré e perguntou-lhe: "Simão, filho de Jonas, amas-me mais que estes?" Ele respondeu: "Sim, Senhor, sabeis que vos amo". Jesus disse-lhe: "Apascenta os meus cordeiros" (Jo 21,16 - 17). Com estas palavras ditas três vezes, Pedro foi confirmado por Jesus como pastor de Seu rebanho e assim agiu ele até sua morte, sempre tomando a frente nas coisas que diziam respeito à Igreja.

3) Tendo Jesus investido poder em Pedro, significaria isto que quando Pedro se fosse, a Igreja estaria por si mesma com vários Bispos tomando a direção como bem entendesse em suas igrejas? Quero dizer, não haveria um poder central moderador e unificador e assim a Igreja poderia ser pulverizada em várias sectárias? Já imaginaram o caos que isso seria já que a Igreja havia de ser universal? Bem, para ser honesto, tenho certeza que conhecem este caos... Pobre Martinho Lutero, deve estar se revolvendo em seu túmulo de desgosto por ver o que causou a Igreja una de Cristo (Ef 4,5)!

4) Percebam no texto a seguir a nítida diferença entre pedra e pedra: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef 2,20). Perceberam que o Alicerce da Igreja Cristã está sob o fundamento dos Profetas e dos Apóstolos da qual Pedro recebeu autoridade de Pontífice do Verbo de Deus, aquele mesmo Verbo que com sua palavra tudo criou, inclusive sua Igreja que Ele próprio disse que seria a pedra angular, ou seja, aquela que manteria o edifício espiritual em pé, alinhado e firme sobre seu fundamento? Leia novamente.

5) Percebam que neste edifício espiritual, Pedro é a pedra do fundamento, mas não a única, esta pedra é rustica porque pertence ao solo. Esta é aquela cravada firme na terra da qual todas as outras são depositadas sobre ela e a ela devem sua segurança seja na bonança ou seja nas tempestades para o edifício não ruir de baixo para cima (Lc 6,48). Já no Céu, esta mesma pedra ganha brilho e força de suas outras onze companheiras: “E os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda a pedra preciosa. O primeiro fundamento era jaspe; o segundo, safira; o terceiro, calcedônia; o quarto, esmeralda; o quinto, sardônica; o sexto, sárdio; o sétimo, crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio; o décimo, crisópraso; o undécimo, jacinto; o duodécimo, ametista” (Ap 21,19-20). 
Já quanto a Cristo, Ele é a pedra angular, aquela que fica no alto, que neste caso toca o centro do Céu e nela as colunas tem seu amparo e sustentação para não ruírem de cima para baixo. Cristo também é chamado de pedra de esquina que tem o mesmo objetivo da pedra angular de fechamento superior. Esta pedra é sempre preciosa, porque pertence aos domínios de cima (Jo 12,46; 18,36; Mt 17,2; 1Co 15,40) e não ao fundamento cravado no solo como os torpes espirituais propalam: “Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; E quem nela crer não será confundido” (1Pe 2,6).

Portanto, quer queiram aceitar ou não, já que para nós Católicos tanto faz, esta é uma verdade imutável. Por mais que tentem nos arrancar a força este desígnio divino para se apossarem dele, não conseguirão porque este tesouro está no Céu e não aqui. Não lhes pertence... 

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