domingo, 6 de novembro de 2016

O Quão Confiáveis Podem Ser as Informações?

Ao longo dos tempos, a comunicação tem evoluído em consonância com o desenvolvimento humano desde que o homem se instaurou em grupos como comunidades de cooperados e passaram assim, a viver em sociedade. Quanto maior era essa organização de pessoas, maiores eram suas capacidades de comunicação e transmissão de conhecimentos.

Houve sociedades que propagavam suas experiências de forma muito rudimentar através das pinturas de cenários tais como caça, pesca, colheitas, guerras e demais situações cotidianas. Por não possuírem um grau de evolução suficiente e assim, saberem transformar matéria prima rustica ao seu redor em elementos mais adequados de trabalho e vivência, seus conhecimentos, experiências e habilidades ficavam no âmbito do intercâmbio oral e com isso, muitos elementos se perdiam ou eram alterados durante o passar do tempo. Por tal motivo, muitas comunidades surgiram e desapareceram sem deixar rastros por não terem desenvolvido uma forma de comunicação mais eficiente.

Entretanto, com o surgimento das civilizações mesopotâmicas e egípcia por volta de 5000-4000 aC, apareceram os primeiros sinais gráficos como representação da linguagem verbal, da qual, esta também foi ficando mais complexa e erudita. Deste modo, o homem deu um salto em seu desenvolvimento por adquirir a capacidade de transmitir e receber mensagens em um código comum. Pôde partilhar e deixar seus conhecimentos intactos para as gerações seguintes em todas as áreas de atuação, desde a agricultura, passando pelas artes, até a matemática e a astronomia.

No entanto, a arte da escrita e leitura não eram de fácil acesso à qualquer membro dessas sociedades. Houve tempo, em que apenas os sacerdotes e os escribas possuíam os conhecimentos necessários para sua compreensão, e isso é plenamente justificável, até porque, saber ler e escrever, interessava a bem poucos indivíduos, já que a vida exigia de toda a comunidade outros caminhos mais imediatos e importantes, inclusive aos reis e chefes de estado que também, em muitos casos, não possuíam tal conhecimento.

A questão aqui, não pode ser analisada sob a ótica moderna e acreditar que a vida nessas sociedades eram primitivas, era um caos pela maioria serem analfabetos ou que haviam injustiças por estes não saberem ler e escrever, aliás, para ser objetivo, nem desejavam. A necessidade de saber ler e escrever com destreza e a exigência de graduação é imprescindível na vida de um indivíduo moderno apenas. Já, quanto as sociedades passadas, o trabalho humano era todo voltado aos afazeres manuais e de intercâmbio tête-à-tête, a escrita para as pessoas, limitava-se apenas aos cálculos de quantificação simples para seus negócios.

A acessibilidade ao aprendizado da escrita e leitura, foi acontecendo de forma natural e gradual nas sociedades e civilizações. Conforme foram aparecendo campos de aplicações para esta, muitas pessoas foram se qualificando para tal. O impulso maior aconteceu com o advento do cristianismo. Os cristãos tendo a necessidade de serem missionários e instrutores, esta qualificação se fez mais necessária. Tão necessária que a Igreja na Europa, antes da idade média, já havia estabelecido escolas para formação de monges, e também admitiam pessoas interessadas no aprendizado da escrita e leitura, além dos assuntos pertinentes, claro. Em toda a história humana, nada teve precedentes tão incisivos e abrangentes assim. O que houve no mundo grego, foram apenas escolas filosóficas fechadas, pontuais e de iniciativa particular, porém, com as universidades aflorando por volta de 1158 dC, o conhecimento se expandiu a todos os povos do mundo civilizado de cultura judaico/cristã possibilitando a invenção da primeira impressora manual.

A partir da impressora, o mundo como o conhecemos hoje começou a tomar forma. Os livros exclusivos e caríssimos que eram compilados à mão, passaram a ser produzidos em muitas tiragens atendendo a demanda dos muitos que começavam a se tornar alfabetizados e não raro, intelectuais e pensadores.

Mais tarde, como em uma avalanche de desenvolvimento, pulularam os jornais para atender as demandas locais e o telégrafo com sua codificação Morse para atender a comunicação a distância. Surgiram o telefone, o rádio e a televisão como um outro salto no desenvolvimento. Após o computador se tornar um item público, surgiu a internet. Esta, desde então, se tem transformado em um mundo próprio, entretanto, uma terra de ninguém onde qualquer um diz o que quer e o que pensa sem critérios mínimos.

Antigamente como já visto, a transmissão de conhecimentos pela escrita e leitura, por ser uma arte dominada por poucos e de categoria intelectual, as informações eram melhores trabalhadas, para só então serem assentadas e propagadas, em outras palavras, eram mais confiáveis. Entretanto, nos dias de hoje, sendo todos alfabetizados, pelo menos em teoria, aliado com as facilidades da comunicação via internet, a propagação de informações se banalizou e imbecilizou. Aliado à isso, temos a mídia moderna que se desviou de sua responsabilidade e passou a tratar as informações sob a ótica apenas monetária, pois, assim como nas revistas de mulheres nuas, onde são vendidos aos pagantes, gatos por lebres  já que todas aquelas mulheres são photoshopadas, e assim, elas não existem na vida real. De mesmo modo, no âmbito das informações, estas são "photoshopadas"  ou adulteradas, inventadas, escondidas para serem compradas pelas pessoas áridas e ávidas por qualquer novidade, sem filtrarem aquilo que digerem na mente.

Percebo que existe um paradoxo inevitável diante do lixo que encontramos na mídia e na internet. Assim como aprendemos melhor se já possuímos conhecimento, também nos tornamos melhores avaliadores do valor das informações se estivermos bem informados. 

Na verdade, se pararmos por um instante e analisarmos o contexto das informações, veremos que esse paradoxo não existe, porque a pessoa que se fizer bem instruída e informada, terá mais chances de se tornar ainda melhor, pois desenvolveu um filtro que a leva a guardar ou eliminar determinada informação. No caso, a boa formação conduz a boa informação e vice-versa, já que conseguimos identificar mais rapidamente os erros e as afirmações não consistentes, as bobagens, as contradições, os subliminares e coisas do gênero. 

A instrução nos ensina como nos tornar mais instruídos. Portanto, é bobagem e ignorante aquele que diz que fará uma universidade por exemplo, apenas para pegar o diploma. Para isso, não há necessidade de perder cinco anos de sua vida, basta fazer um exame de proficiência e sair com o diploma na mão. Porém, é fato que os ignorantes e desinformados estão em desvantagem para reconhecer e adquirir novas informações de qualidade, porque, as informações de baixa qualidade que possuem, impedem que aceitem as informações de boa qualidade ao ponto de a recusarem ferozmente.  

De qualquer maneira, sem um policiamento competente por parte dos próprios leitores e usuários da internet, as informações serão cada vez mais um problema em vez de uma benção, e portanto, terão um valor educacional limitado a poucas pessoas notáveis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não saia antes de deixar aqui seu comentário sobre esta postagem...