quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Ambição ou Ganância?

Quando nos referimos à ambição, não raro ela vem acompanhada de uma grande entonação negativa, da qual não causa surpresa alguma em alguém devido aos maus exemplos que presenciamos de enxurrada em nosso cotidiano.

A ambição sempre teve seu lugar de destaque pejorativo por toda a história da humanidade. Ela foi assunto de debates filosóficos, enredos reais, temas de milenares peças teatrais e na atualidade, mais do que nunca, ela é a mola propulsora de todas as corrupções, intrigas de filmes, novelas e desenhos animados. Porém, para sermos justos, a ambição jamais deveria ganhar esta fama negativa, pois ela não é isto que imaginamos. Há um erro na estrutura dos pensamentos quando utilizamos a palavra ambição da maneira em que ela é intencionada. Fazemos uso dela como sendo sinônimo da palavra ‘ganância’, o que não são correlatas. 

A palavra ‘ambição’ tem seu radical na palavra latina ‘Ambitio’ adaptada da língua espanhola que significa ‘Mover-se Livremente’ ou ‘Mostrar Inclinação a’, ou seja, o individuo é quem realiza seu objetivo. Isto se entende pela maneira e impetuosidade com que os políticos romanos angariavam seus votos. Desta forma, a ambição não é uma característica ruim, mas desejável a todos, pois, uma pessoa sem ambição está fadada ao fracasso.

Seja sua opção por uma vida modesta ou supérflua, a ambição deve estar presente para o sucesso da empreitada, até porque o combustível da ambição é a motivação, a força e a persistência. Através dela, realizamos nossos objetivo de vida, seja no âmbito profissional, seja no âmbito pessoal ou em qualquer outra modalidade de nosso contexto. Uma pessoa sem ambição alguma, não passa de um zumbi, pois está morta em sua essência, mas persiste em andar como um vivo para atazanar a vida das pessoas. Esta é uma pessoa fracassada e desmotivada para a vida.

Mas como digo, todo direito deve sempre vir acompanhado da cartilha de deveres e responsabilidades, assim também a ambição, mais de que outras boas qualidades humanas, ela faz parte do rol de propriedades de risco da qual deve haver um policiamento, pois a linha que divide a ambição da ganância é tênue. Assim a ganância é a irmã bastarda da ambição, porque a ambição trilhando em suas fronteiras, ultrapassa facilmente esta linha e sofre uma mudança em sua postura para o formato da ganância, da qual sempre visa ganhos por meios ilícitos quando a pessoa fracassa, e assim, a ambição sempre leva a culpa pelas mazelas causadas pela ganância que é a verdadeira culpada, porque a mudança foi gradual e imperceptível e a verdadeira culpada se mantém no anonimato.

A ambição em seus extremos é doentia porque adquire o grau da ganância. A propósito, qualquer qualidade andando nos extremos, se torna uma deformidade moral. Pelo menos eu desconheço sobre algum fundamentalismo que tenha sido bom para aqueles que estão em seu raio de alcance.

Devemos levar em conta também, que muitas pessoas preguiçosas ou desmotivadas da vida, porém, sempre motivadas pela inveja, enxergam naquelas pessoas ambiciosas que estão progredindo, uma razão para metralhá-las com boatos difamatórios. Alias, quando ninguém se opõe a você, verifique o que está fazendo de errado, pois são grandes as chances que possui de não estar fazendo nada de bom em sua vida. Este é um bom termômetro para medir sua ambição, mas não esta em si completo, sendo apenas uma das muitas faces a considerar.

Uma coisa é certa, se não fossem pelas pessoas ambiciosas, possivelmente ainda estaríamos caçando na base do porrete, pois, a ambição nos leva a testar nossos limites e a expandir eles quando necessário. Ao falarmos de progresso de qualquer espécie da esfera humana, é indispensável o tempero da ambição sadia para leva-lo a cabo, e não digo do ponto de vista estreito apenas do dinheiro, do poder ou da autopromoção, pois apenas estes por objetivos seriam de uma baixeza humana tremenda e indesculpável. Falo no sentido lato da vida, no sentido holístico do destino do indivíduo, de seu futuro, de sua posteridade e responsabilidades com os demais em suas divisas. 

A ambição em seu extremo ou já transformada em ganância, evidencia em alto grau uma pessoa medíocre, destituída de originalidade, de qualidades e valores humanos básicos, pois a fragilidade da vida e de seu valor, assim como ovos frágeis, estão depositados inteiros em uma única cesta, ou seja, em seus bens materiais e nos holofotes que a destacam. Estes propósitos são meros subprodutos tóxicos e efêmeros da virtualidade da sociedade, onde acham-se longe demais do verdadeiro objetivo da vida. São como doce sem o açúcar, café sem a cafeína, cerveja sem álcool, sexo sem contato e dinheiro sem trabalho.  

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