segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Vidas Estagnadas

Nas culturas milenares semitas, a palavra 'água' em linguagem figurada significava 'vida' e 'águas' significava 'povos ou nações', até porque, naquela região a água era um item difícil e obviamente essencial à vida. E esta relação entre a palavra e seu simbolismo foi bem apropriada. Vejamos o motivo disto no discorrer da matéria.

Pois bem, como nossas vidas se assemelham à água, há portanto, inúmeras maneiras de nos exprimirmos assim como a própria água se configura de diversas maneiras.

É engraçado nos dias de hoje como muitos se procuram, porém, suas atitudes os arrastam ao isolamento assim como um lago de águas estancadas. Querem viver, mas têm medo de compartilhar suas águas, então, cercam-na para detê-la por tão somente interesses próprios, porém se esquecem que nada é para sempre, o sol irá aquecer e arrebatar as águas para longe, somente quando restar solo árido é que se darão conta do problema e então talvez nunca mais consigam repor essas águas novamente. Estes tem seus jarros transbordando de si mesmos, suas águas estão paradas, podre pela falta de fluidez e contaminada por suas ilusórias conquistas e segredos que amanhã não irão interessar a ninguém. 

Barricadas são para defesa, neste caso, se defendem de que? Da vida claro; esta mesma vida que desejam viver intensamente, mas suas ambições frustradas os paralisam. Desta forma, suas águas paradas não produzem melodia, mas são de um silêncio mortificante de oculta reprovação e inserida fora da vida. Silêncio este que ninguém quererá escutar e compartilhar para então, estes outros irem buscar águas correntes, melodiosas, limpa e fresca aonde há grande espaço para ser compartilhado, causando assim, maior isolamento a estes.

Pessoas assim, são aqueles indivíduos que tem medo de mudanças, desejam a permanência e estagnação de tudo que creem ser bom para sua existência, mesmo que a vida demonstre escancaradamente a impermanência de todas as coisas. Têm medo de experimentar o novo e o diferente. Em suas mentes, fabricam seus deuses e demônios e se curvam diante deles. 

O inverno existe e chega não para destruir a natureza, mas para renová-la. Folhas caem para dar lugar ao novo que está por vir e isto é maravilhoso em seu resultado final. Não devemos de mesmo modo ter receio do novo, abandonemos o falso senso de segurança de nosso mundinho estreito e miremos para a beleza da renovação, do recomeço diferente, pela fé que aquilo que desponta será melhor e pela esperança nas novas oportunidades que se apresentarão. Não se inquiete, o inverno irá embora mesmo que queira ficar, nada o fará ficar...

Torne-se nem que seja um pequeno riacho no começo, e se deixe fluir, pois no desenvolver de seu caminho tornar-se-á um rio cada vez mais largo, rápido e forte por receber águas de outras correntes, pois as comportas serão arrebentadas. Faça a vida valer a pena por alargar o coração e aceitar ela como se apresenta, pois ela não é como gostaríamos que fosse, mas é como é e as mudanças ocorrerão com ou sem nossa participação e consentimento. Repouse seu coração ante o rápido fluir do rio. Encontre a paz interior aonde está, porque ela não está lá, ali ou acolá, mas está exatamente aí dentro de si e então, faça deste ponto o seu sempre porto seguro para se lançar ao novo sem medo do desconhecido, quebre paradigmas, derrube muros, suspenda ancoras, avance na vida quebrando padrões. Águas paradas estagnam e adoece o espirito e maltrata a alma. Águas correntes te conduzem à unidade com tudo, com todos e com o Todo. Águas correntes são o verdadeiro padrão de comunhão com a vida e com Deus. Vai agora...

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