domingo, 7 de junho de 2015

A Verdade Sob Escrutínio

Seria a preferência pela verdade em toda situação sempre uma boa opção? Bem, sabemos os benefícios da verdade, não é...? Certo! Todos sempre desejamos a sinceridade certo...? Errado! Com estas duas últimas perguntas em que uma nega a outra, conseguiram perceber que devemos desvincular o benefício como sendo sempre bom e desejado?

Bem, antes de discorrer sobre isto, vou citar dois casos presenciados por mim que demonstra que a verdade nem sempre é necessária, é claro que isto não significa que portanto devemos mentir, nossa vida não pode ser tão polarizada e estreita assim onde apenas existe o preto e o branco, o oito ou oitenta, aqui e lá ou mesmo os limitados cinquenta tons de cinza. 

O primeiro ocorreu em uma empresa. Um individuo ali, planejava ter seu próprio negócio, então, ele se antecipou e abriu sua empresa apenas no papel, contudo não havia nele interesse em ativa-la nos próximos três anos, apenas queria tê-la enquanto planejava detalhes e estruturava sua situação. Seu erro foi ventilar ingenuamente aos colegas seus planos e ações futuras. O assunto acabou encontrando a barreira de seu gerente que por algum motivo o dispensou para ir cuidar de seus negócios.

O segundo caso ocorreu com conhecidos. A garota trabalhava em um salão de beleza bem sucedido. Ela por ser ingênua em suas intenções, comentou à dona do salão que uma parente sua iria abrir um salão, já que também era profissional da área. Sem demora, aquela senhora imaginando em seus devaneios que iria ser abandonada em breve, passou a endurecer seus tratos com a garota até que a situação se tornou insustentável, e assim, a garota teve que bater em retirada.

Dizer a verdade revela firmeza de caráter e é uma característica desejável, porém, existem muitas verdades, a propósito, a esmagadora maioria, que não há a menor necessidade de ser dita fora do tempo certo, e isto é o oposto do que muitos pensam, ou seja, de que dizer sempre a verdade doa a quem doer é uma qualidade louvável. Eu digo firmemente que isto não passa de uma tolice de mentes sem lapidação. A verdade é que esta pessoa não consegue ter autocontrole e menos ainda o refinamento de seres evoluídos, e assim, usa essa justificativa como bengala para seu ego impulsivo; que o aplaudam os néscios.

Pois bem, de que proveito seria dizer a uma pessoa que suas calças estão explodindo por estar gordo? É claro que ele sabe disso, afinal de contas, é ele quem está sentindo os apertos. Além do mais, com certeza ele já deve ter o desejo de mudar a situação. 

Para que dizer que uma comida não está boa, quando foi preparada com carinho?

Para que dizer que a festa está enfadonha, quando foi preparada com sacrifícios e você foi lembrado?

Aquilo que não se pode mudar no momento ou que não irá agregar valor algum na vida do outro e na sua, não deve ser mencionado por questões éticas, de respeito, amor e acima de tudo, de educação! Assim, o fato de possuirmos alguma verdade, não nos dá o direito de sair vomitando ela na cara de ninguém, porque, aquilo que poderia encantar, tornar-se-a numa ofensa. 

É claro que chamar a atenção da pessoa que gostamos, por ela estar acima do peso é um ato de amor e demonstra preocupação com sua saúde, mas mesmo assim, devemos usar de temperança nas palavras, na postura e no momento adequado para não cometermos uma agressão contra a dignidade alheia. Aliás, a dignidade de uma pessoa é seu maior bem e este é o motivo de nem sempre termos o direito de dizer a verdade apesar de possuí-la, pois muitas vezes ela cai como um tapa, mas um tapa na alma, e este, fere e dói mais que aquele tapa físico. 

Uma grande amizade não raro se esfria por conta de tapas assim.

Mesmo que se ache que possua a verdade, ou seja, que saiba o que é melhor para o outro, um pouco de discrição e sobriedade para manter no mínimo o silêncio se não puder elogiar, será melhor recebido que a verdade dura arremessada na cara sem anestesia. Assim, que méritos poderia haver em um comentário cortante em momento onde deveria haver apenas o encanto?

Portanto, devemos guardar nossos comentários mordazes para nós, bem como exercermos nosso legítimo direito de pedir ao outro que guarde seus comentários para si.

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