terça-feira, 29 de maio de 2012

Conformação


Porque será que conosco as coisas sempre têm de esvair para que possamos atribuir a elas o devido valor que tinham? Tínhamos aquilo nas mãos, estava logo ali, era nosso... E então quando caímos em si, nos pegamos lamentando por tê-la perdido. Que decepção! O preço pelo descaso foi caro...

O ser humano é por demais estranho. Tudo acaba virando rotina em sua vida quando se acostuma com determinado fato. Por um lado isso é bom, pois a adaptabilidade rápida as circunstâncias diferentes nos ajuda a olharmos para outras coisas que também precisam ser atendidas. Entretanto, o mau uso da razão referente àquilo que nos é caro, acaba nos colocando em situações difíceis, pois nem tudo pode ser passível de acomodação por causa do dinamismo que o envolve.


Temos a tendência de fracionar tudo até que muitas das partes acabam não sendo mais reconhecidas por nós. Maldita adaptação insana!

Conheci um restaurante que começou bem, se destacava pelo atendimento primoroso à satisfação do cliente. Sua derrocada se deu quando suas mesas começaram a ficar disputadas e em sua arrogância largava o cliente em busca de um espaço falando ao vento.

Um colega perdeu sua noiva e um namoro de seis anos porque não mais atribuía a ela e a seus modos a devida atenção. Achava que aquela situação estava estável, fosse como fosse. Seis anos... Quanto tempo jogado fora.

O importante e essencial só se impõe a nós quando ainda é uma novidade e aí vem à mísera rotina e adultera a pureza de nosso entendimento inicial.

Lembrei-me agora da terceira história de Steve Jobs em seu discurso para os formandos de Stanford em 2005. Disse ele:
- "Lembrar de que em breve estarei morto é a melhor ferramenta que encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas da vida. Porque quase tudo, as expectativas externas, orgulho, medo do fracasso, desaparecem diante da morte que só deixa aquilo que é importante. Lembrar de que você vai morrer é a melhor maneira que conheço de evitar a armadilha de temer por aquilo que temos a perder. Não há motivo para não fazer o que dita o coração. 
...
O tempo de que vocês dispõem é limitado, e por isso não deveriam desperdiçá-lo vivendo a vida de outra pessoa. Não se deixem aprisionar por dogmas - isso significa viver sob os ditames do pensamento alheio. Não permitam que o ruído das outras vozes supere o sussurro de sua voz interior. E acima de tudo, tenham a coragem de seguir seu coração e suas intuições, porque eles de alguma maneira já sabem o que vocês realmente desejam se tornar. Tudo mais é secundário".

Pois bem, nossa maneira de agir é muito complexa para que possamos entendê-la em toda sua nuança, mas isso não tira o brilho de tentar. Para isso precisamos estar atentos às coisas importantes da vida para que possamos vive-las mais intensamente, adaptando-se as que sejam necessárias e dando dinamismo as que exigirem. O importante é gostar do outro pelo que somos e não pelo que ele é. Sejamos autênticos e assim, leves no viver. 

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