sábado, 17 de novembro de 2012

A Arte de Ter Razão - Sempre

Arthur Schopenhauer foi um filósofo alemão do Século XIX, autor de vários livros, dentre os quais, apresento aqui o sinóptico deste que é aplicado no dia a dia por advogados, líderes de seitas e muitas pessoas dissimuladas.

Contudo, saiba que Schopenhauer não estava estimulando o uso destes ardis, mas demonstrando o uso deles por pessoas de má fé a fim de podermos nos defender destes indivíduos.



Sinóptico: 
1. Leve a afirmativa da outra pessoa além dos seus limites, exagere-a, generalize-a. Quanto mais geral a declaração do seu oponente se torna, mais dúvidas você pode encontrar para ela. Por outro lado, quanto mais objetivas as suas afirmativas, mais fáceis serão de defendê-las.

2. Atribua significados paralelos as palavras do seu oponente para refutar a argumentação dele. Por exemplo:
- Eu sou a favor deste sistema...! (Pessoa 'A' referindo-se ao sistema capitalista)
- Como você pode ser a favor deste sistema que permite que o crime se alastre! (Pessoa 'B' mudando o significado para o sistema imoral da impunidade)

3. Quando um argumento é apresentado de modo relativo, transforme-o numa maneira absoluta, e em seguida refute-o. Por exemplo, quando o oponente apresentar seu ponto de vista negativo por certa pessoa de uma comunidade, você pode lançar esse ponto de vista para a comunidade inteira. 

4. Oculte sua ideia de conclusão até o último momento, porém, particione este objetivo e distribua-o na conversa sem ordem lógica e faça com que seu adversário concorde com cada parte deste sem que ele perceba a estratégia até que no final você junta tudo na ordem correta e conclui o assunto.

5. Use o modo de pensar ou as crenças da outra pessoa contra ela própria. Por exemplo, se ela é membro de outro partido, empregue declarações deste grupo contra o oponente - mesmo fora do contexto.

6. Enfraqueça o argumento oposto ou reforce o seu por:
a) Mudar as palavras de modo a acentuar ou suavizar o que esta sendo dito. Por exemplo, 'Tal político não gasta, ele investe'.
b)  Atribuir um sentido amplo àquilo que é particular. Por exemplo, 'Todos os japoneses são inteligentes'.
c) Fazer discordar ou concordar com cada particularidade dele, ou seja, devemos fragmentá-lo e apresentar cada fragmento em ordem.
d) Valorizar um objeto através de outro derivado deste. Por exemplo, 'Aquele gol só foi possível pelo passe que Xitão deu'.

7. Ao apresentar suas afirmativas, confunda seu oponente com muitas perguntas pormenorizadas. Assim fazendo, você tira o foco daquilo que está afirmando e ainda reforça a afirmativa por dar um ar de eloquência tirando proveito da lentidão de raciocínio do oponente.

8. Deixe o seu adversário furioso. Uma pessoa encolerizada perde a capacidade de raciocínio e julgamento e assim despercebe os pontos em que poderia levar vantagens.

9. a) Faça perguntas pertinentes, porém, sem ordem lógica. Assim o adversário não conseguirá saber aonde quer chegar e desta forma não se previne.
    b) Leve as respostas do adversário a conclusões diferentes ou opostas, isto dificultará o raciocínio dele.

10. Se o seu oponente não concorda com suas afirmativas respondendo sempre suas questões negativamente, tire proveito desta particularidade, a saber, aplique questões pelo lado negativo para que ele responda afirmando. Por exemplo:
- Hoje vai chover. (Pessoa 'A')
- Hoje não vai chover. (Pessoa 'B')
Então mude:
- Hoje não vai chover. (Pessoa 'A')
- Hoje vai chover. (Pessoa 'B')

11. Se o seu adversário admite a verdade de algumas de suas questões, contenha-se de pedir que ele concorde com a sua conclusão, contudo, conclua o assunto como coisa resolvida ou admitida por ele. O seu oponente, bem como outros, serão levados a acreditar que foi de fato com a sua conclusão que ele concordou.

12. Se o embate é de ideias ou opiniões, você deve usar uma linguagem ou metáfora que seja favorável aos seus argumentos. Por exemplo,
a) O seu oponente diz que algo é uma 'inovação', você diz que é uma 'alteração'.
b) O seu oponente diz 'Ordem existente', você inverte para 'Ordem antiquada'.
c) O seu oponente diz 'Colocar em custódia', você diz 'Jogar na prisão'.

13. A fim de fazer com que o seu oponente aceite a sua proposta, apresente o assunto pelo lado oposto. Por exemplo, suponha que você quer que ele admita que devemos fazer tudo o que nossos pais nos mandam fazer. Desta forma, pergunte se o seu oponente acredita que 'devemos sempre desobedecer nossos pais'.

14. Atropele a opinião do seu oponente. Se ele não está ao seu favor, force a sua conclusão triunfalmente, mesmo se ela não procede. Caso seu oponente seja tímido e você apresentar uma boa dose de segurança pessoal e não titubear na voz, essa técnica pode funcionar.

15. Se você quer apresentar um argumento de difícil prova, coloque-o de lado por um momento e então apresente outro assunto relacionado ao seu argumento mas que esteja definido. O seu oponente irá aceitá-lo ou rejeitá-lo como verdadeiro. Se o seu oponente rejeitá-lo, você demonstra o quão absurdo é rejeitar uma proposição que é nitidamente verdadeira. Caso ele concorde, a razão também está com você. Desta forma, você 'empurra' seu argumento original como verdadeiro.

16. Quando o seu oponente apresenta um argumento, considere-o inconsistente com a realidade. Por exemplo, se o seu oponente defende o suicídio, faça a pergunta: 'Então porque você não se enforca?' Se ele disser que a sua cidade não é boa, pergunte: 'Então por que você não se manda daqui?'

17. Se o seu oponente apresentar uma evidência contrária, você pode se defender por encontrar algum problema no argumento dele ou alguma semelhança com a sua ideia. Por exemplo:
- Não deveríamos trabalhar na sexta-feira após o feriado. (você)
- Eu digo que devemos porque estamos abarrotados de trabalho. (ele)
- É justamente por isso, estamos todos esgotados e um descanso, daria novo ânimo. (você)

18. Se você percebeu que seu oponente pegou uma linha de raciocínio que te levará à derrota, interrompa a discussão e retire-se ou então, sutilmente force a mudança de assunto para outra questão de embate.

19. Se o seu oponente pressioná-lo a apresentar alguma prova de seu argumento e você não a tem, faça o pedido dele menos específico tal como dizer da falibilidade do conhecimento humano e introduza vários exemplos para dissipar ou ao menos amenizar a atitude dele.

20. Se o seu oponente aceitou os seus argumentos ou parte deles, não peça que ele concorde com você, apresente a conclusão como se ela também tivesse sido admitida.

21. Se o adversário utilizar argumento enganoso, refute-o evidenciando muito a falsidade e rebata com outro argumento tão enganoso quanto o dele (se for o caso). Por exemplo, se o oponente apelar para o preconceito, a emoção ou ataques pessoais, devolva na mesma moeda sem perder a faculdade de raciocínio.

22. Se o seu oponente pedir que você admita alguma coisa a partir da qual o ponto em discussão pode ser concluído, recuse-se a fazê-lo, assim tiramos dele seu melhor momento.

23. Contradição e contenda irritam a pessoa de modo a fazê-la exagerar suas declarações e pode levá-la a se estender demasiadamente suas explicações. Desta forma, refutando os exageros você por tabela refuta o argumento original. Cuide apenas para essa técnica não ser usada contra você. Lembre-se que argumento com muitas ideias dá margens para se refutar apenas uma e assim derrubar o argumento todo, portanto, mantenha seu argumento bem específico.

24. Crie falsas consequências com respeito as ideias do seu adversário. Recorra a deduções, tais como se A=B e B=C, então A=C. Por exemplo, seu adversário faz uma declaração, você distorce suas ideias e extrai delas suposições absurdas. Fica parecendo assim que o argumento do seu oponente tem inconsistências, restando a impressão de que ela foi refutada.

25. O seu adversário está fazendo uma generalização, portanto, encontre um simples fato que demonstre o contrário. Basta uma única contradição para invalidar todo e qualquer argumento. Por exemplo: 
- Todos os japoneses são inteligentes. (Pessoa 'A')
- Então o imbecil do Takahasha também é...? (Pessoa 'B') 

26. Uma boa manobra é virar a mesa em cima do adversário, quer dizer, utilizar os argumentos dele contra ele próprio. Por exemplo:
- Cicrano é uma criança, você deveria fazer-lhe uma concessão. (Pessoa 'A')
- Justamente por ser uma criança devo corrigi-lo, caso contrário ele persistirá em seus erros. (Pessoa 'B')

27. Se a outra pessoa te pegar de surpresa ficando indignada com seu argumento, insista ainda mais em sua ideia demonstrando segurança. Isso poderá causar insegurança no adversário ou deixá-lo furioso, dando a impressão que você tocou um ponto frágil da argumentação dele.

28. Quando houver mais pessoas presenciando o embate que não sejam autoridade no assunto, você pode lançar um argumento inválido fazendo seu oponente parecer estar em cheque. Esta estratégia se efetiva se o adversário fica exposto ao ridículo ou se os outros riem. Piora para o oponente se ele tiver de fazer uma longa explanação para se explicar. Os outros não estarão dispostos a ouvi-lo e você ainda arrumará mais material para refutá-lo.

29. Se você perceber que está sendo vencido na argumentação, crie uma diversão qualquer. Comece a falar sobre outra coisa como se fosse importante no assunto. Isso pode ser feito sem medo se a diversão mostrar ter alguma relação com a questão.

30. Apele para uma autoridade ao invés da razão. Cite o que essa autoridade disse mesmo fora do contexto ou do sentido original. Se for preciso, crie uma 'autoridade'. As pessoas mais admiradas, em geral são as que pouco conhecemos, portanto, use isto a seu favor, até porque, a vaidade está acima da verdade.

31. Se não tiver uma resposta para os argumentos apresentados, você pode declarar-se um juiz incompetente. Por exemplo: 'O que você disse ultrapassou os meus poderes de compreensão. Talvez até seja verdade, porém, não sou capaz de avaliar'. Desta maneira você insinua que o seu adversário está dizendo um contrassenso e ainda permanece com uma boa imagem.

32. Um modo rápido de refutar uma declaração é colocá-la sob suspeita. Basta classificá-la dentro de uma categoria odiosa qualquer. Por exemplo, você pode classificá-la de 'fascismo', 'nazismo', 'superstição', 'racismo' e etc. Desta forma você supõe que a declaração em questão é tendenciosa e assim o argumento é indiretamente rejeitado.

33. Admita as ideias do seu oponente mas negue veemente a sua conclusão. Por exemplo: 'Isso é muito bom em teoria, mas na prática não funciona'.

34. Caso você apresentou uma questão e a outra pessoa não te deu uma resposta direta, e você percebeu que ela a contorna com outra questão ou tenta mudar o assunto, isto é sinal que você atingiu um ponto fraco. Insista ainda mais neste ponto e descubra-o.

35. Não recue por causa da inteligência do adversário ou do rigor de seus argumentos, apenas concentre-se nos motivos que ele possui para estar debatendo. Desta forma fica mais fácil encontrar uma razão que faça os argumentos dele parecerem prejudiciais a ele próprio, desta forma ele irá se calar. Por exemplo: Um religioso está defendendo uma doutrina qualquer, então, mostre que seus argumentos contradizem uma doutrina bíblica fundamental.

36. Cale seu oponente através da grandiloquência. Se perceber que seu adversário é fraco ou pouco conhece o assunto, exponha um argumento que pareça profundo e erudito.

37. Mesmo o adversário estando correto, contudo, apresentar uma prova deficiente, você refuta esta prova e também a posição dele inteira por tabela.

38. Se o oponente está em plena vantagem, parta para o ataque com insultos. Desvie o foco do assunto para o âmbito pessoal.

"Quanto mais elevado é o espírito mais ele sofre" (Arthur Schopenhauer)

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