domingo, 14 de novembro de 2021

A Criança Que Eu Fui Um Dia

A criança que eu fui um dia, 
Hoje veio me visitar de imprevisto.
Mas não conseguiu se encontrar em mim.
Mas não se reconheceu mais em mim.
Em espanto pensei: 
- Por qual mentira por aí que eu me submergi?

Desaprendi a sorrir, foi?
Desprendi a chorar, é?
Onde aprendi a me desfigurar, né?
Sim, o que me ensinou a desistir de ser quem um dia eu fui?

Aquela criança que eu fui um dia,
Mora em silêncio dentro desse adulto que eu me tornei,
Empoeirada bem ao lado da gaveta onde eu guardo a seriedade da vida.
Essa criança, é tudo o que eu jamais deveria ter deixado de ser.
Devagar parei de sonhar e levei a vida a sério sem perceber,
Exatamente como me disseram para fazer.
Como bom menino, escutei!

Mas ao contrário do que sou hoje, essa criança nunca desistiu de ser.
É ela quem sutilmente insiste em me fazer sorrir quando quero chorar.
Essa criança não marcou hora na minha agenda lotada de desculpas.
Não pediu licença, não pediu permissão,
Simplesmente abriu a porta do velho baú e veio me visitar.

Me estranhando, ela disse:
- Ei, você não está mais de castigo!
Então me olhou e disse a coisa mais séria que eu já ouvi:
- Você quer brincar comigo como antigamente?
- Sim, eu quero!

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